Helsínquia e Oslo são capitais do norte da Europa, têm aproximadamente o mesmo número de habitantes ( 631 mil e 673 mil habitantes, respetivamente) e, no ano passado, chegaram a um orgulhoso zero no número de mortos por atropelamento. Lisboa, com menos cerca de 150 mil pessoas a viverem na cidade, registou seis casos fatais em 2018 (últimos dados disponíveis).
Nem sempre foi assim em nenhuma das três capitais europeias. No caso de Helsínquia, na Finlândia, o grau zero fora atingido pela última vez em 1908 – há 112 anos, quando praticamente não havia carros nas estrafas. E as razões para se ter chegado agora, outra vez, a este resultado tão positivo prendem-se, indiscutivelmente, com a adoção de limites de velocidade mais baixos: 30km/h nas ruas residenciais e centrais, 40km/h nas principais da Baixa e 50km/h para as zonas suburbanas da cidade. Sem esquecer, claro, as melhorias no ambiente rodoviário, o aumento da monitorização do tráfego, os avanços na tecnologia automóvel e sistemas de segurança e ainda o desenvolvimento dos serviços de resgate, quando há acidentes (em média, registam-se sete, desde 2010).
Nem a chegada a este número mágico faz com que a cidade descanse. Já se anunciou, para este ano, a instalação de 70 novas câmaras de controlo de tráfego e alterações nos atravessamentos mais perigosos, de forma a torná-los seguros.
No caso de Oslo, na Noruega, o segredo está na estratégica de implementação da bicicleta como meio de transporte em detrimento dos veículos motorizados. O número de ciclovias aumentou e deu-se mais importância aos ciclistas e peões, reduzindo o número de carros nas ruas da cidade.
Nos últimos anos, a autarquia acabou com cerca de mil lugares de estacionamento, incrementou as bicicletas partilhadas, melhorou a rede de transportes públicos, instalou lombas para reduzir a velocidade, diminuiu os limites e até baniu os carros em algumas zonas da cidade, como por exemplo à volta das escolas.
Não admira, pois, que a Noruega seja considerado o país mais seguro na estrada, de acordo com o OCDE, ao contrário dos EUA – desde 2013 que o número de mortos de peões cresceu cerca de 30% (e 14% entre os ciclistas).
Em Lisboa, as notícias também são animadoras, e as melhorias nas estradas não serão alheias a isso. Se atualmente ainda há a lamentar seis casos fatais, em 1996 eram 46. Em todo o País, os atropelamentos desceram de 10 147 para 5 652 e os mortos caíram de 480 para 105, em 2018.