Um novo cometa apareceu a vaguear pelo nosso sistema solar depois de passar 100 milhões de anos no espaço interestelar. A 28 de dezembro, 21 Borisov irá passar a quase 300 milhões de quilómetros da Terra – o mais próximo que já esteve do nosso Planeta.
Veio do céu do norte, com uma nuvem congelada de gás e poeira ao seu redor, deambulou pelo espaço interestelar e, na primavera deste ano, este “cubo de gelo” começou a cair no nosso sistema solar. Seis meses depois, o astrónomo Gennady Borisov detetou o cometa a flutuar perto de uma constelação.
No domingo, o cometa começou a sua trajetória rumo à “saída” do nosso sistema solar. Nessa viagem, atingirá o ponto máximo de aproximação à Terra.
Há dois anos, os astrónomos descobriram uma rocha interestelar, a que deram o nome de Oumuamua, a cruzar o sistema solar. Não se conseguia perceber do que se tratava, e os especialistas chegaram a pensar em sondas alienígenas – até que estudos concluiram que na verdade se tratava de um cometa sem cauda. Agora que descobriram o cometa 21 Borisov, os astrónomos estão empolgados por descobrir mais.
“Acho que a sensação de entusiasmo vem em parte do momento em que foram feitas estas descobertas”, diz o astrónomo Gregory Laughli, que explica que o Oumuamua e o 21 Borisov são um bom presságio para um novo telescópio que a Fundação Nacional de Ciência dos EUA está a construir, no Chile. Chama-se Grande Telescópio de Pesquisa Sinóptica, e será posicionado para encontrar mais cometas “intrusos”.
Até agora, os dois exemplos de cometas interestelares não podiam ser mais diferentes. O Oumuamua foi confundido com um asteroide ao princípio porque não tinha nenhuma nuvem de gás e poeira ao seu redor. Pelo formato do objeto – longo e semelhante a um charuto – pensava-se que pudesse tratar-se de uma sonda alienígena. “Ia-se desvanecendo à medida que se afastava, como um sabonete no chuveiro”, diz Laughlin. Por outro lado, o 21 Borisov parecia um cometa desde o início, não deixando dúvidas. “Não há nada sobre Borisov que seja estranho”, esclarece Laughlin, “Já com o Oumuamua, tudo foi estranho.”
A 24 de novembro, a cauda do 21 Borisov tinha crescido até 160 mil quilómetros de comprimento. O núcleo do cometa tem 1,6 quilómetros de diâmetro. Os astrónomos seguirão o 21 Borisov pelo menos até ao final do próximo ano.