Chamava-se 46P/Wirtanen e era um pequeno cometa, que chegou a ser o alvo da investigação da sonda Rosetta, da agência espacial europeia (ESA), e agora estava debaixo de olho da NASA. Fotografado pela primeira vez em janeiro de 1948, pelo astrónomo Carl A. Wirtanen, que desenvolvia uma pesquisa de movimentos estelares para o Observatório Lick, na Califórnia, demorou mais de um ano a ser reconhecido como cometa. Previa-se que passasse muito próximo da terra há cerca de um ano, mas explodiu, entretanto. São essas imagens que foram agora conhecidas.
Grandes pedaços de rocha gelada que sobraram da formação de estrelas e planetas há milhões de anos, geralmente os cometas flutuam em torno da nuvem de Oort, a região mais distante do planeta solar, mas são muitas vezes capturados pela gravidade que os redireciona para o sol. À medida que se aproximam, ficam mais ativos, com o calor a vaporizar a superfície gelada e deixando para trás uma cauda gasosa. Muitas vezes, no entanto, estes corpos celestes queimam espontaneamente, mas como não se sabe porquê torna-se difícil prever quando pode acontecer.
“Quando andam na órbita do sol, passam pelo campo da visão do TESS (tal telescópio da NASA) e o Wirtanen era uma prioridade para nós porque se previa que passasse perto da Terra no final de 2018”, contou o principal autor da imagem agora conhecida, Tony Farnham, da Universidade de Maryland, no comunicado enviado às redações.
Foi então que o TESS (sigla de Transiting Exoplanet Survey Satellite) conseguiu captar a explosão detalhada sem precedentes. O cometa desfez-se a 26 de setembro de 2018, dois meses antes da prevista passagem junto à Terra – e dissipou-se nos 20 dias seguintes. Como o TESS tira uma fotografia a cada 30 minutos, foi possível à equipa observar a sequência inteira.
A explosão inicial ocorreu em duas fases: primeiro, o flash de uma hora, e nas oito horas seguintes, um brilho gradual. Mas, para mostrar a combustão em todo o seu auge, a equipa criou uma animação composta de imagens tiradas a cada três horas, nos três primeiros dias da explosão. “Não podemos prever quando explosões de cometas acontecerão. Mas, mesmo que tivéssemos a oportunidade de agendar essas observações, não poderíamos ter feito melhor em termos de tempo “, assinalou ainda Farnham.
A equipa estimou que cerca de um milhão de quilos terá sido ejetado durante a explosão, criando uma cratera de cerca de 20 metros de diâmetro. Mas, além disso, foi ainda possível, pela primeira vez, capturar a trilha de poeira do cometa. É que, ao contrário da cauda normal de um cometa de partículas finas – que muda de direção à medida que é soprada pelos ventos solares – uma trilha de poeira, que permanece mais ou menos constante na direção, é um campo de detritos maiores. “São mais parecidos com seixos e areia”, acrescentou o co-autor da descoberta, Michael Kellly.
É algo que nos é familiar em outros momentos. Afinal, é essa trilha que nos proporciona chuvas de meteoros quando a órbita da Terra cruza a de um cometa e alguns daqueles detritos entram na nossa atmosfera.