O primeiro caso foi descoberto há dez anos, no canal auditivo de uma paciente hospitalizada no Japão. Hoje, há múltiplos casos em mais de 30 países, incluindo nos Estados Unidos, França e Espanha. Só nos EUA, em fevereiro deste ano, havia já 587 casos confirmados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e as autoridades de saúde estão a braços com um mistério: apesar de ter sido descoberto recentemente, o fungo já mostra características genéticas diferentes nos vários continentes.
O fungo Candida auris (C. Auris) é responsável por infeções nos ouvidos, em feridas e na corrente sanguínea. Também foi detetado em infeções respiratórias e urinárias, faltando perceber de que forma pode afetar pulmões e bexiga.
Ao contrário da maioria das infeções causadas for fungos e bactérias, a Candida auris resiste à administração de antifúngicos, mesmo àqueles usados para combater outras infeções causadas pelo mesmo fungo. A maioria das infeções consegue ser tratada com recurso a equinocandinas – a medicação utilizada no combate de doenças infeciosas deste tipo.
“Já vimos que consegue resistir às três classes de antifúngicos. É um superorganismo, muito difícil de tratar, porque não há medicamento capaz de o matar”, explicou Tom Chiller, do CDC, à CNN, que resume: “É um fungo que se comporta como uma bactéria.”
Os sintomas são, na maioria das vezes, silenciosos e invisíveis. Os mais comuns passam pela persistência de febre e calafrios após o início do tratamento com antifúngicos.
A única maneira de diagnosticar a infeção é através de análises, à semelhança da candidíase e de outras infeções do género Candida. O maior problema do diagnóstico está na facilidade com que é confundida com outras infeções provocadas pelo mesmo organismo, o que implica a realização de análises específicas para detetar a sua presença.
Outra particularidade deste fungo é que não é transmitido como a maior parte dos restantes desta família. De acordo com o CDC, pode ser transmitido diretamente de pessoa para pessoa e é encontrado, com muita frequência, em estruturas de cuidados médicos, bem como em equipamentos. Tanto que, para além de pessoas com diabetes ou submetidas a cirurgias recentemente, o risco mais de infeção mais elevado está naqueles cujos sistemas imunitários estão débeis, em particular os que se encontram hospitalizados ou em instituições de cuidados continuados.
Uma unidade de cuidados intensivos foi fechada no Reino Unido depois de terem sido descobertos 72 casos de infeções Candida auris. Em Espanha, um hospital detetou 372 pacientes infetados, dos quais cerca de 40% morreram no espaço de um mês.
De acordo com os dados do CDC, 30 a 60% dos infetados de que há registo morreram. No entanto, muitos destes doentes, sublinha o organismo, tinham outras patologias graves associadas que, de si, aumentavam o risco de morte.
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