A IBM, empresa de informática e tecnologias da informação, está a desenvolver perfumes usando inteligência artificial, em parceria com a Symrise, produtora e fornecedora de fragâncias com uma vasta lista de clientes que incluem marcas como a Estée Lauder, a Avon e a Donna Karan.
À partida, esta parece ser uma má ideia: criar uma fragância é uma arte muito humana, que pede um olfato apurado e uma sensibilidade diferente, para conseguir despertar memórias e certas emoções nas pessoas, mais tarde. Por isso, é difícil perceber como é que uma máquina consegue entender os fatores pessoais que levam as pessoas a escolher determinadas fragâncias.
Contudo, a IBM quis aproveitar o poder da inteligência artificial para desenvolver aromas que, realmente, fizessem sentido, ao mesmo tempo que a Symrise pretendia perceber de que forma a aprendizagem automática pode ser aplicada ao universo das fragâncias.
A empresa de informática criou, no Centro de Pesquisa Thomas J. Watson, em Nova Iorque, um algoritmo – que a empresa denominou como Philyra – que estuda fórmulas de fragâncias já existentes e compara os ingredientes com outros dados, como a localização e a idade dos clientes. Este novo algoritmo é capaz de desenvolver novos perfumes, que pretendem atingir segmentos de mercado muito específicos.
A Symrise tem quase 2 milhões de fórmulas de fragâncias que “colecionou” ao longo do tempo e partilhou essa lista com a IBM, juntamente com várias informações de como a empresa realizou as vendas dessas fórmulas.
O novo algoritmo adicionou essas informações a um banco de dados e fez a comparação com dados adicionais fornecidos pela Symrise ligados aos clientes que incluíam, por exemplo, as fragâncias mais bem vendidas, quem as comprava e onde as comprava. A partir dessas informações, o Philyra conseguiu criar novas fórmulas de acordo com dados demográficos específicos.
Um dos investigadores da IBM que faz parte da equipa que criou o algoritmo, Richard Goodwin, diz, ao site de notícias Vox, que este sistema age da mesma forma que um criador de fragâncias humano. “Da mesma forma que um aprendiz aprende com um mestre que combinações de ingredientes funcionam bem, por exemplo, consegue perceber quando adicionar óleo essencial de rosas em vez de limão, a aprendizagem automática cria uma fragância baseada na fórmula que funciona melhor”, defende o pesquisador.
Achim Daub, um dos executivos da Symrise, garantiu que a empresa já vendeu dois perfumes desenvolvidos através de inteligência artifical a uma das maiores lojas de cosméticos e perfumes brasileira, O Boticário, e que vão começar a ser comercializados no próximo ano. Os nomes das duas fragâncias não foram, contudo, revelados