O tratamento é experimental, sem certezas sobre o seu resultado e pode até revelar-se perigoso. Nunca foi testado em humanos, mas os resultados em laboratórios mostraram-se encorajadores e agora vai ser administrado a um britânico infetado com a doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), considerada a variante humana da encefalopatia espongiforme bovina (BSE na sigla inglesa).
Os investigadores apelidaram-no de PRN100 e trata-se de um anticorpo sintético que, esperam, vai impedir que a doença continue a atacar o cérebro do paciente.
A DCJ evolui muito rapidamente e provoca perda de memória, alterações de personalidade e na visão e perda progressiva da função cerebral.
Na segunda-feira à noite, o Tribunal de Proteção autorizou o tratamento, a pedido da família do doente.
O PRN100 vai ser administrado por via intravenosa, sob monitorização contínua de uma equipa de especialistas do University College Hospital. Não se espera que os danos cerebrais do paciente, cuja identidade ou idade não são conhecidas, sejam revertidos, mas sim que não progidam.
“A DCJ é uma doença rara e cruel que destrói o cérebro rapidamente, afetando a memória, o pensamento, o discurso, o equilíbrio, o movimento e comportamento”, explica Marcel Levi, responsável executivo da fundação da instituição, que considera a autorização judicial “um passo em frente importante na luta contra esta doença devastadora”.
Há 20 anos que uma equipa do University College, criada na sequência do surto de BSE registado nos anos 90, trabalha para conseguir um tratamento para a doença.
Uma das variantes da DCJ, a adquirida, pode afetar os consumidores de carne de uma vaca infetada com BSE, mas o britânico sofre da variante esporádica, bem mais comum, e que afeta anualmente cerca de um milhão de pessoas em todo o mundo. Não tem causa conhecida.
Em qualquer das suas variantes (há ainda a heriditária), a doença caracteriza-se pela acumulação de priões (proteínas anormais) no cérebro. Estes ligam-se às proteínas saudáveis, transformando-as e alastrando a doença.