De profissão é guarda prisional na cadeia de Torres Novas. Mas Arlindo Marques, 52 anos, é publicamente conhecido como o “guardião do Tejo”. Desde 2015 que alerta para a poluição que começou a observar no rio que lhe acompanha a vida. A última denúncia é recente, e fê-la, como todas as outras, com registo de vídeo e divulgação nas redes sociais. Descargas poluidoras cobriram as águas do Tejo com espuma tóxica. O Ministério Público investiga o caso, que colocou sob segredo de Justiça.
Arlindo Marques, porém, apontou o dedo à Celtejo-Empresa de Celulose do Tejo, do Grupo Altri, que instaurou no Tribunal de Santarém um processo contra o ambientalista, reclamando o pagamento de uma indemnização de 250 mil euros. Representada pela Cuatrecasas, uma das maiores sociedades de advogados do País, a empresa alega ofensas à sua credibilidade e bom nome.
Previsivelmente, a batalha judicial prolongar-se-á durante dois anos – e se apenas fosse decisivo o rol de testemunhas abonatórias, Arlindo Marques estaria bem escudado: a sua lista é encimada pelo superjuiz Carlos Alexandre, que aceitou pronunciar-se em defesa do ambientalista em tribunal.
Mas Arlindo Marques vai precisar de muito mais. Sobretudo de verbas para as despesas da sua defesa. Por isso, o movimento proTEJO desencadeou um processo de crowdfunding, que começou a 16 de janeiro e termina às 18 horas de 16 de março. Isto é, dentro de três semanas e 49 minutos, no momento em que estas linhas são escritas.
O crowdfunding, que tem o objetivo de reunir €21 885 (o site descrimina todos os segmentos de despesas necessárias), arrancou em força, mas agora, quando o prazo caminha para o seu final, parece estar a perder gás. A verba angariada está nos €10 011, que representam apenas 45% do objetivo traçado. Arlindo Marques, porém, não abana. “No fim, veremos”, diz à VISÃO.