De seis em seis meses, a cada nova vaga do Eurobarómetro, temos a possibilidade de conhecer a opinião dos portugueses e de outros povos europeus sobre uma série de temas sociais, económicos e políticos e perceber a sua evolução ao longo do tempo. Visto que a Fundação não produz apenas dados estatísticos, tentei associar 6 dados a 6 livros onde aqueles temas são tratados com maior profundidade, ainda que de forma sintética e apelativa.

1- A confiança dos portugueses no governo caiu 5 pontos percentuais entre Maio e Novembro de 2017. Ainda assim, o povo português continua a ser o povo da Europa do Sul que mais confia no governo, a par do maltês. A Fundação Francisco Manuel dos Santos acaba de editar um ensaio de Conceição Pequito Teixeira, intitulado A Qualidade da democracia em Portugal, que analisa a confiança dos portugueses nos partidos políticos, no governo e no parlamento, bem como o seu grau de satisfação com a democracia que têm.
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2- Portugal continua a ser – de longe – o país da Europa do Sul onde os cidadãos mais confiam na televisão (70%). Este dado torna-se particularmente importante se tivermos em consideração que boa parte dos portugueses recolhe informação política exclusivamente através da televisão, segundo a maioria dos especialistas. Há até quem fale em democracia de audiência, uma vez que os eleitores votam sobretudo em candidatos – em personalidades mediáticas – e não em programas políticos. Neste sentido, não será de espantar que, num futuro próximo, os políticos profissionais sejam indivíduos especialmente dotados (e formatados) para comunicar em televisão, em detrimento de outros talentos. Sobre o tema da comunicação política recomenda-se o ensaio Política e entretenimento de José Santana Pereira.

3- Apenas 21% dos portugueses confiam nos partidos políticos. Ainda assim, este é um dos resultados mais elevados desde que este indicador começou a ser recolhido, no ano 2000. Portugal e Malta são os países da Europa do Sul que mais confiam nos partidos, estando, apesar de tudo, muito longe da Holanda (43%). Esta tendência de desconfiança dos cidadãos em relação aos partidos políticos – assinalda há décadas nas democracias consolidadas – é um dos temas abordados por Carlos Jalali no seu ensaio Partidos e sistemas partidários, no qual descreve a evolução do sistema partidário português desde 1974.

4- Os portugueses nunca foram tão favoráveis à moeda única como hoje. O Euro parece ser amplamente consensual na sociedade portuguesa, se verificarmos que 77% dos cidadãos são a favor da união económica e monetária. Na Europa do Sul, apenas a Espanha apresenta taxas de aprovação maiores no que toca à moeda única. Neste ponto recomenda-se a leitura do ensaio de Pedro Braz Teixeira – O Euro e o crescimento económico – onde é descrito o processo de criação da moeda única, tal como as suas implicações para a economia portuguesa.

5- 60% dos portugueses consideram que os interesses do seu país são tidos em consideração pela União Europeia. Aparentemente, nunca os portugueses se sentiram tão bem representados pelas instituições europeias como hoje. No ensaio O Futuro da União Europeia, de Eugénia da Conceição, a autora discorre sobre a integração europeia do nosso país, bem como, sobre os desafios políticos, institucionais e económicos que a União Europeia enfrenta nos dias que correm.
https://www.pop.pt/pt/grafico/a-politica/defesa-dos-interesses-do-pais-na-ue/pt/?colors=pt-0

6- Desde que este indicador começou a ser recolhido, em 2005, nunca os portugueses avaliaram a situação da economia portuguesa tão favoravelmente como hoje. O que não significa, naturalmente, que estejam eufóricos com a actual situação económica. Os Malteses, por exemplo, revelam-se bastante mais entusiasmados com a situação da economia do seu país. Se quisermos compreender melhor a evolução da economia portuguesa desde os anos 1950, dificilmente encontraremos um livro mais estimulante e didáctico do que o ensaio Economia portuguesa, as últimas décadas, de Luciano Amaral.