Foram descobertas há 10 anos mas ainda pouco se sabe sobre as explosões rápidas de rádio. Agora uma equipa de astrónomos revelou que a origem deste fenómeno pode ser “um ambiente extremo”, assim descrito pela equipa. Esta descoberta foi apresentada no 231º encontro da Sociedade Americana de Astronomia e publicada no jornal Nature.
No ano de 2007, um conjunto de astrónomos procurava exemplos de pulsares – estrelas de neutrões que por terem um intenso campo magnético conseguem transformar a energia rotacional em energia eletromagnética – no arquivo do radiotelescópio Parkes, localizado na Austrália. Mas, em vez de pulsares, os astrónomos depararam-se com um fenómeno até então desconhecido, uma explosão rápida de rádio de 2001.
Explosões rápidas de rádio (FRB, na sigla em inglês) consistem em flashes de energia rápidos e fortes que aparecem em intervalos irregulares. Duram milissegundos, mas lançam mais energia no espaço – na forma de ondas de rádio – do aquela que o Sol emite num dia. Desde a sua descoberta, já foram registados 18 fenómenos desta natureza, mas a única fonte de explosão que apareceu repetidamente foi a chamada FRB 121102, sobre a qual incidiu a investigação apresentada na última quarta-feira no Encontro Anual da Sociedade Americana de Astronomia
Esta fonte foi registada pela primeira vez no ano de 2012 e até agora já provocou cerca de 150 flashes. Agora, a equipa acredita ter descoberta a sua origem: uma galáxia anã a 3 mil milhões de anos-luz da Terra. Para chegar a esta conclusão, os cientistas observaram estas explosões através do radiotelescópio Arecibo, em Porto Rico, e do telescópio Green Bank, em West Virginia, e descobriram a polarização destes flashes, ou seja, a direção em que estes vibram e que permite chegar à sua origem. Quando passa por um campo magnético, este tipo de ondas sofre o chamado efeito de rotação de Faraday e quanto mais forte for esse campo, maior será este efeito. Por isso, os astrónomos acreditam que a FRB 121102 passa por um campo magnético extremamente forte, como um buraco negro.
Daniele Michilli da Universidade de Amsterdão, uma das autoras do estudo, disse à BBC que “as únicas fontes na Via Láctea que são tão retorcidas como a explosão FRB 121102 estão no centro da galáxia, que é uma zona perto de um grande buraco negro. Talvez a FRB 121102 tenha um ambiente similar na sua galáxia”, mas acrescenta que a característica destas explosões também “pode ser explicada se a fonte estiver localizada numa nebula poderosa ou numa supernova remanescente”.
Mas Vishal Gajjar, outro dos cientistas responsável por esta investigação, revela ainda que “não podemos deixar totalmente de fora a hipótese de extraterrestres nas FRB’s em geral”.