A psicologia dá-lhe o nome de hibristofilia e define-o, simplificadamente, como uma atração sexual por pessoas que cometeram uma atrocidade ou um crime, como assaltos à mão armada ou até violações e homicídios.
A primeira pessoa a fazer referência ao termo foi o psicólogo e sexólogo John Money, nos anos 50. Para ele, a hibristofilia – coloquialmente conhecida como Síndrome Bonnie and Clyde, fazendo referência ao casal de criminoso que andou em fuga nos anos 30 – tratava-se de uma patologia e era um comportamento parafílico que acontecia, geralmente, em mulheres heterossexuais.
Nalguns casos, esta atração dá-se por alguém que já esteve na prisão. Noutros, as pessoas que sofrem de hibristofilia podem mesmo influenciar o alvo da sua atração a cometer um crime. Há ainda quem se sinta atraído por criminosos que estão presos, mas que se tornam conhecidos por ser terem participado num crime mediático.
Charles Manson, Anders Behring Breivik ou Josef Fritzl são três exemplos de criminosos alvo de atrações do género. Charles Manson foi condenado a prisão perpétua por ter comandado o assassinato de nove pessoas. Anders Behring Breivik é um norueguês que está, neste momento, a cumprir uma pena de 21 anos pelo assassinato de 77 jovens em 2011. Josef Fritzl, austríaco, está também a cumprir sentença, por ter raptado e violado a sua própria filha durante 25 anos.
Conta a BBC que os três têm recebido nas prisões cartas de amor e, inclusivamente, propostas de casamento, por mulheres que estão profundamente atraídas por eles, que os admiram e desejam. Mas de onde vem esta atração?
Existem algumas possíveis explicações, mas não são isentas de especulação. Katherine Ramsland, psicóloga forense, entrevistou mulheres casadas com criminosos e percebeu que existem três motivações principais por detrás desta atração. Algumas acreditam que têm o poder de conseguir mudar esses homens e isso atrai-as. Outras aproximam-se deles por uma razão quase maternal: sentem compaixão e ternura por eles. Por último, existe também um grupo de mulheres, mais pequeno, que deseja a fama e a atenção mediática que os criminosos recebem.
Para se sentirem atraídas, as mulheres com hibristofilia só precisam de ler ou ver fotografias sobre os criminosos. Depois, tentam entrar em contacto com eles, através de cartas ou encontros, e muitas chegam mesmo, diz o canal público britânico, a participar na defesa do caso, ajudando economicamente. Sheila Isenberg, autora do livro “As mulheres que amam os homens que matam”, identificou um outro traço comum entre as mulheres que sobrem desta patologia e que podem ajudar a explicar este fenómeno estranho: muitas delas têm um historial de abuso e relações violentas.