São cerca de 17 hectares, a maior extensão de terreno disponível em conjunto na área do Grande Porto, mas por agora são terreno pouco apetecível. É que a área do Parque de Real em Matosinhos, onde durante anos se alojaram depósitos de combustível da Galp, Repsol e BP, está totalmente contaminada. Anos e anos de pipelines que ligavam os depósitos ao porto de Leixões e todas as atividades ligadas às refinarias deixaram na na terra substâncias perigosas e não perigosas, incluindo hidrocarbonetos, que terão que ser totalmente retirados para permitir avançar com a construção urbanística que a Câmara Municipal de Matosinhos tem nos seus planos para o futuro – habitação, escritórios e uma zona verde de 14 hectares.
Eduardo Pinheiro, presidente da autarquia, lança um desafio às petrolíferas: “que possam fazer um projeto no sentido de, em vez de estarmos a retalhar espaço, possa ser uma coisa conjunta que valorize o espaço urbano de Matosinhos”. Recorde-se que apenas uma parcela dos terrenos do Parque de Real será adquirida pela Câmara. E, por agora, a resposta da Galp vai no sentido de que “o remanescente será vendido em mercado, para desenvolvimento urbanístico”, adiantou a empresa à VISÃO.
Quanto à descontaminação, a empresa garante que vai descontaminar a parcela que fica para o concelho a tempo de permitir o “arranque da construção em 2019, se o município assim o entender”. Para já, está finalizada a desocupação dos terrenos que as petrolíferas ocupavam, com a desmantelação dos pipelines que faltavam.
Além da descontaminação nessas zonas, a Galp terá também que tratar dos solos junto à ETAR, cujas obras de ampliação colocaram a céu aberto terras com hidrocarbonetos provenientes das instalações da Petrogal. Em 2016, uma carta do então presidente Guilherme Pinto – a que a VISÃO teve acesso – solicitava que fosse a Galp a tomar as medidas necessárias. Todo o processo de descontaminação “será gradual e realizado de acordo com os exigentes requisitos legais e técnicos aplicáveis.”, garante a empresa à VISÃO.
A saída dos depósitos da Galp, BP e Repsol faz parte de um acordo com as gasolineiras que foi alcançado em 2013, após cerca de oito anos de contencioso. Em causa estava uma dívida à autarquia por não pagamento de taxas de ocupação dos solos desde 2005. O presidente da câmara explicou à VISÃO que BP e Repsol pagaram em dinheiro e que a Galp dará em troca parte do terreno. Segundo a empresa, a passagem dessa parcela para Matosinhos será formalizada “em breve”.
Segundo Eduardo Pinheiro tudo está a correr dentro do previsto. O desmantelamento está feito. A descontaminação será “conjugada pelas três companhias e não há indicações de desvios até agora”.