Para muitos não há nada melhor do que levantar cedo e começar o dia com uma boa dose de exercício físico. Mas para os mais notívagos o desporto faz-se quando cai a noite. Sim, se a maioria dos ginásios fecha entre as 21h e as 23h não é por acaso.
A ideia mais geral é a de que o que dá o deporto – aumento do ritmo cardíaco e da temperatura corporal, dos níveis de cortisol e de adrenalina – tira o sono. Mas se é um apreciador do exercício tardio não tema, os especialistas garantem que mais vale tarde do que nunca.
Segundo Stuart Quan, um professor especializado na ciência do sono da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, garante: a melhor altura para treinar varia de pessoa para pessoa. Ou seja, as consequências negativas dos treinos noturnos não são assim tão claras como a luz da manhã.
Stuart Quan esclarece: “Se a pessoa tiver problemas em adormecer não é aconselhado mas se isso não acontecer não há qualquer problema”. Isto acontece porque embora o desporto nos faça sentir fisicamente cansados “mentalmente sentimo-nos renascidos e o aumento do cortisol pode causar inibições no sono”. No entanto, as hormonas reforçadas como os esteroides e a adrenalina, que fazem aumentar o fluxo de sangue e aumentam os níveis de açúcar, geralmente só precisam de cerca de uma hora para voltar ao seu estado normal.
A hora não faz assim tanta diferença
Em 2013 foi feito um estudo pela Fundação Nacional do Sono americana que concluiu que não se verificam diferenças substanciais na qualidade do sono dos que fazem desporto a noite (tanto os que praticam de forma moderada como os que praticam de forma intensiva).
Este estudo envolveu 1000 participantes americanos e 17% da amostra que fazia desporto nas quatro horas antes de dormir reportou ter “uma ótima qualidade de sono” e 59% reportou ter uma noites de sono “suficientemente boas”. Da amostra que fazia desporto mais cedo (mais de 4 horas antes do sono) 22% reportou ter “uma ótima qualidade de sono” e 58% experienciou noites de sono “suficientemente boas”.
E, contas feitas, este estudo concluiu ainda que 83% dos “atletas vigorosos”, que fazem muito exercício e forma regular, reportaram ter uma boa qualidade de sono, independentemente da hora do dia em que treinavam. Já de entre os que não treinam, só 56% reportou ter noites de sono com qualidade – sendo este o fator (a falta de exercício) – qua mais dividiu os que dormem bem dos que dormem mal.
A Fundação Nacional do Sono é defensora do desporto como potenciador da qualidade do sono e chega a comprar a atividade física a um bom banho quente – “Tal como o nosso corpo arrefece depois de um banho quente e isso dá sono, o arrefecimento do nosso corpo depois do exercício também provoca sono”. A Fundação sugere, assim, que experimente fazer desporto a várias horas e tente perceber qual melhora os seus padrões de sono individuais.