Num fim de semana de julho último, um casal fez mais de 600 km de ida e volta entre o Porto e Mafra, tendo como passageiro no banco de trás do carro o Adolfo Dias, o seu bulldog inglês, com nove anos. Na Invicta não tinham solução para o que queriam: fazer fotografias de qualidade do seu cão, ao qual havia sido diagnosticado um cancro na pele, que ficassem como uma boa recordação daquele “membro da família”.
Descobriram o Studio P-Pets Photography, em Mafra, marcaram a sessão fotográfica e puseram-se a caminho. O que pretendiam existia, afinal, desde fevereiro de 2015, quando o fotógrafo publicitário Paulo Fernando, 49 anos, e a sua parceira na vida e no trabalho, Ana Leonor, 42, olharam para os dois cães e dois gatos que têm em casa e pensaram: que tal arrancar com uma empresa de produção fotográfica em estúdio de animais de estimação, com ou sem donos?
Mas até o Studio P-Pets Photography abrir portas, fizeram muita pesquisa, e encontraram trabalhos motivadores, sobretudo nos EUA. Paulo e Ana resolveram então aventurar-se nesse nicho de mercado, começando por fazer experiências com animais de amigos. O conceito, esse, era-lhes evidente: um “projeto direcionado para pessoas que realmente gostam de animais e que os tratam como família”.
Que não era um trabalho fácil, Paulo e Ana verificaram-no quando chegou o dia da sessão para fotografar um casal de médicos veterinários, António e Diana, e o resto da família – os gatos Pintas, Nicky, Chili e Lady, e a cadela Bambi. “Dois dos gatos zangavam-se um com o outro e até os donos, apesar de serem veterinários, tiveram dificuldades em os controlar”, conta Paulo. Resultado: a sessão prolongou-se por cerca de quatro horas.
Este é um tipo de imagem que obviamente demora mais tempo a ser captada do que a foto tradicional. Na primeira meia hora, Paulo e Ana falam tranquilamente com os donos, enquanto os animais cheiram o estúdio. Sabe-se, por exemplo, que os gatos são avessos a mudar de habitat. Depois há os adotados (cães ou gatos), que em regra sofreram maus tratos antes de chegarem aos novos donos e que, ao fim de uma hora no estúdio, ainda tremem de medo. Ou aqueles que julgam estar de volta à tortura do veterinário. Às vezes, é preciso que venham à rua, para se acalmarem.
Mas, na maior parte dos casos, Paulo e Ana conseguem tranquilizá-los dentro do estúdio, com muito mimo. E convencê-los a ficarem quietos, enquanto levam com o fotógrafo e os flashes.
Há dias, a empresária Cristina Gonçalo foi mais uma cliente do Studio P-Pets Photography. Quis fotografar os seus dois cães. Diz à VISÃO ter ficado “fascinada” com o trabalho de Paulo e Ana durante a sessão, que também durou cerca de quatro horas. “Fazem-no com muito amor, dedicação, carinho e com imensa paciência”, testemunha. “É mesmo preciso muito tempo e paciência com cachorros e animais que não param de correr e de se mexer.”
Paulo diz que, “se não tivesse animais e não soubesse lidar com eles”, só conseguiria fazer este trabalho “com uma teleobjetiva a 100 metros”. E é exatamente o contrário – ou seja, a proximidade – que procura, para “mostrar através do registo fotográfico toda a energia, atitude, beleza, elegância ou personalidade” dos animais retratados.
Agora, a informação útil. A sessão fotográfica mais simples resulta num book de dez imagens, apenas para um animal. São feitas entre 200 a 300 fotografias, para escolher as dez melhores, para edição e pós produção. Em média, cada sessão demora entre duas a três horas, com utilização de diferentes fundos e cenários, e custa 85 euros. Para mais pormenores, nada como consultar o site da empresa.
Paulo e Ana procuram evitar a colocação de adereços no cenário das sessões, porque “podem tirar protagonismo ao animal”. Mas para esta segunda-feira, 12, um casal marcou uma sessão para fotografar as suas duas cadelas bebés com adereços natalícios. Assim seja.