O texto das cartas é da autoria da Amnistia Internacional, as assinaturas podem ser de qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, até dia 13 de janeiro. A Maratona de Cartas, uma iniciativa da Amnistia Internacional (AI) que funciona em cadeia global, convida as pessoas a assinarem ou a escreverem os seus próprios apelos em defesa de indivíduos ou comunidades em risco – tudo em prol do fim das violações dos direitos humanos. Quando o movimento começou, há 15 anos, na Polónia, Witek Hebanowski estava longe de imaginar que iria conseguir mobilizar milhões de pessoas. Em 2001, o coordenador de um grupo local da AI estava à frente de um festival e foi abordado por uma jovem chamada Joana que lhe falou sobre o que organizara num país africano: em 24 horas, as pessoas escreveram cartas de protesto para os seus governos.
No ano passado, foram assinadas 3,7 milhões de cartas, mais de 170 mil só em Portugal, e o resultado foi positivo, considerando alguns casos de libertação como o de Albert Woodfox que passou 44 anos em prisão domiciliária, foi o preso que mais tempo passou numa cela solitária nos Estados Unidos; Phyoe Phyoe Aung, ex-prisioneira política, representante de uma associação de estudantes em Myanmar; Fred e Ives, ativistas pró-democracia; Yecenia Armenta Graciano, acusada injustamente, no México, pelo assassínio do marido, torturada e violada nos longos interrogatórios a que foi sujeita. Todos estão em liberdade graças às assinaturas reunidas pela Maratona de Cartas.
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Annie Alfred
© LAWILINK/Amnesty International
OS CASOS DESTE ANO
Annie Alfred
No Malawi, o caso desta criança nascida com albinismo (condição hereditária que impede as células da sua pele de produzirem cor suficiente) serve para alertar o mundo da existência de 7 mil a 10 mil pessoas com albinismo no Malawi, e todas correm o risco de serem perseguidas, até mesmo pela própria família. Neste país africano acredita-se que o corpo dos albinos tem poderes mágicos e ter partes do seu corpo traz riqueza e sorte. Os ossos, que dizem conter ouro, são vendidos a praticantes de medicina tradicional, para uso em feitiços, amuletos e poções. Só em 2015, houve 45 registos de tentativas de homicídio ou rapto.
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Edward Snowden
© Brendan McDermid / Reuters
Edward Snowden
Ao partilhar a coleção de documentos dos serviços secretos americanos com jornalistas, Edward Snowden revelou de que forma os governos vigiam os dados de milhões de pessoas, incluindo e-mails privados, localizações telefónicas e histórico de Internet, sem consentimento. O ex-consultor informático da Agência Nacional de Segurança foi o responsável por um movimento global de defesa da privacidade numa era cada vez mais digital. Pela primeira vez em 40 anos, os Estados Unidos aprovaram leis para controlar a vigilância governamental, e empresas como a Apple e a Whatsapp dedicam agora muito mais atenção à proteção da informação dos seus utilizadores. Alvo de um mandado de captura, mora na Rússia e enfrenta uma pena de décadas na prisão.
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Eren Keskin
© Amnesty International
Eren Keskin
A qualquer momento a advogada e antiga diretora de jornal, Eren Keskin pode ser presa e por muito tempo. Voz crítica do Estado turco tem mais de cem acusações por falar livremente e denunciar abusos de direitos humanos na Turquia. Em 1995, chegou a estar seis meses na prisão por ter usado a palavra Curdistão num dos seus artigos. Há 11 anos, um dos seus discursos enfureceu as autoridades, por ter acusado o Estado de “assassinar uma criança de 12 anos” e foi condenada, em 2014, por “insulto ao Estado turco”.
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Shawkan
© Private
Shawkan
No verão de há três anos, o repórter fotográfico Mahmoud Abu Reid, conhecido como Shawkan, estava a cobrir uma manifestação no Cairo, no Egito, quando assistiu e registou a intervenção brutal das forças policiais. Foi o acontecimento mais sangrento na história recente do Egito, culminando na morte de quase mil pessoas num único dia. Shawkan foi preso, assim que descobriram que era jornalista. Está detido na prisão de Tora, contraiu hepatite C e tem-lhe sido negado qualquer tratamento médico.