Os cabelos coloridos deixaram de ser um exclusivo das adolescentes rebeldes e das popstars mais extravagantes. Já não será surpresa ver pelas ruas adultos com o cabelo azul e verde como o da Lady Gaga, com uma mistura de azul e roxo como a que celebrizou a cantora Katy Perry, ou cinza e lavanda como o da atriz e designer de moda Kelly Osbourne, ou ainda uns loiros com nuances verde e rosa como os de Avril Lavigne.
As chamadas cores-fantasia – o azul, o rosa e o verde – e os tons pastel – sobretudo os tons de algodão-doce, como o rosa-claro, o azul-bebé e o lilás – têm marcado a moda nos cabelos ao longo de 2016. E para 2017 os hairstylists antecipam que a cor volte a ser uma aposta. “Os cabelos coloridos são cada vez mais uma tendência”, adianta Sónia Millard, do salão de cabeleireiro Facto, embaixador de coloração da Wella Professionals. “Os clientes de todas as idades procuram uma cor mais forte e também exclusiva, um trabalho mais complexo de coloração. Trabalhamos sobretudo os tons pastel: os rosas-frios, os cinzas, madeixas com um tom de cinza por cima. Mais do que uma cor só, usam-se várias cores no mesmo cabelo, até porque o preço é o mesmo (são tintas de bisnaga).”
Além do objetivo imediato – uma cor diferente –, a coloração permite outros fins: “Tons distintos em cabelos muito finos, por exemplo, ajudam a criar profundidade”, explica Sónia Millard.
Inspirado no grunge
Nas mais famosas passarelas mundiais, como as da semana da moda de Nova Iorque, a manequim Chloe Norgaard desfilou com o cabelo multicolor: as suas variações de rosa com verde e turquesa, ou de amarelo e laranja, fizeram com que ficasse conhecida como “a cabelo arco-íris”. Marcas até mais conservadoras como a Louis Vuitton, especializada na produção de bolsas e malas de viagem, já usaram na campanha primavera-verão uma personagem animada com o cabelo cor-de-rosa. Mas a tendência vai muito além das campanhas publicitárias e dos principais palcos da moda: basta procurar no Instagram por hashtags como #multicolor, #bluehair, #tiedyehair e #denimhair para descobrir milhares de fotografias de cabelos coloridos.
Traduzindo: no método tie dye misturam-se duas ou mais cores, que se mesclam de forma suave, dando ao cabelo um aspeto desbotado. O denim hair inspira-se no tom azulado dos jeans, misturando o azul com mechas pretas e acinzentadas. Qualquer dos métodos corre nas contas das celebridades do Instagram. Algumas destas cores, por serem aplicadas sobre o cabelo descolorado, não resistem mais do que uma ou duas semanas.
“A inspiração vem do grunge, dos anos 90. Já se via em Londres há uns dois ou três anos e agora começa a notar-se nas ruas de Lisboa, sobretudo os cinzentos, os azulados e os rosas. As marcas foram lentamente introduzindo estas novas cores. Nos anos 90 eram sobretudo cores mais fortes, agora temos cores fortes, às vezes com pormenores muito intensos, misturadas com tons pastel”, explica Cláudio Pacheco, diretor criativo do Chiado Studio.
Para 2017, prevê-se que os tons-tendência “vão ser frios e pastel”, adianta Sónia Millard. Mas há outras técnicas inovadoras a caminho, como o contouring, técnica popular no universo da maquilhagem que realça os traços do rosto através de um jogo de luzes e de sombras, e que passará também a ser usada nos cabelos. O hairstylist Cláudio Pacheco também prevê longa vida para as cores. “O grunge, o punk e o rock chegam à força toda em 2017, com marcas a lançarem novas paletes de cores. Vêm aí sobretudo os azuis-claros, os rosas e os mentas.”