O verão passado veio confirmar a tendência que as grandes cadeias de supermercados já estavam a a sentir nos últimos tempos: os portugueses estão cada vez mais cuidadosos na hora de escolher os produtos que levam para casa. Os refrigerantes com e sem gás continuam a percorrer uma trajetória descendente, assim como o vinho. Só o consumo de cerveja manteve um comportamento idêntico, beneficiado pelo efeito das temperaturas quentes do verão, revela um estudo da Centromarca- Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca e da Kantar Worldpanel.
À margem dos efeitos da crise e das consequentes quebras no consumo que se continuam a sentir na área da grande distribuição, numa análise aos bens mais consumidos, os efeitos das campanhas que promovem estilos de vida mais saudáveis parecem estar a surtir efeito. Assim, só entre janeiro e 11 de setembro deste ano, as águas minerais com e sem sabores já representam 51,9% do total de bebidas adquiridas contra 49,6% verificados em igual período do ano anterior. Os refrigerantes sem gás, que ainda ocupam o segundo lugar das preferências continuam a baixar em volume de vendas, tendo passado dos 15,7% para 14,6%. Os refrigerantes com gás, que estão entre a quarta categoria de bebidas mais vendida mas são também apontados como os mais prejudiciais à saúde, baixaram o seu peso no mercado de 10,8% para 9,7 por cento. A maior surpresa chega dos sumos de fruta, onde as principais marcas têm procurado substituir o açúcar refinado pela stevia, uma estratégia que tem sido reconhecida pelos consumidores ao verem aumentada a sua quota de mercado de 5,0% para 5,3 por cento.
Se a quebra de vendas de bebidas com maior teor açucarado é facilmente justificada, no caso do comportamento das bebidas alcoólicas a explicação para a quebra de 11,5% para 11,2%, atenuada pelo crescimento durante o verão das cervejas, já não é tão direta. É que, de acordo com a análise da empresa de estudos de mercado Kantar Worldpanel, os portugueses estão a mudar de hábitos de forma mais suave. “Fora de casa ainda procuram obter uma sensação de prazer ao consumir bebidas alcoólicas, mas dentro de casa já têm outras preocupações”, explica a empresa. Depois de décadas de consumo explosivo, os consumidores portugueses tendem a ser mais racionais no momento de escolher as prateleiras no supermercado.