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“A linda cidade de Lisboa é conhecida pelas suas sete colinas, parecendo um desafio impossível para ciclistas. Mas será?” São estas as primeiras palavras que se lêem assim que a App Lisboa Horizontal fica descarregada num telemóvel Apple (por enquanto só está disponível em sistemas iOS).
A resposta aparece depois. Não sem antes pedirem alguns pormenores que traçam o nosso perfil enquanto utilizadores de bicicleta.
Escolha-se uma rota. Estamos no Terreiro do Paço. Pedimos ajuda para ir até à Graça. Na sua maioria, a rota sugerida é traçada a verde, mas lá estão pontos amarelos e vermelhos. Olhemos com mais atenção. A aplicação diz-nós que chegaremos lá em 15 minutos, precisos para galgar os 3,2 quilómetros que nos separam do destino. Avisa ainda que se formos de bicicleta pouparemos 420 gramas em emissões de CO2 e 27 cêntimos. Por outro lado, ao andarmos em altitudes que variarão entre 4 e 86 por cento, lá se vão 21 calorias (só?!). Mas existem outras opções mais eficientes.
Se seguirmos o primeiro conselho, pedalaremos pela rua da Prata até à Praça da Figueira. A seguir meteremos pela rua dos Condes de Monsanto, já num esforço que classificam de amarelo, para apanhar o Poço do Borratém. Chegados ao Martim Moniz, há que subir a Almirante Reis até ao Intendente, tomar a rua Andrade, marcada a vermelho, e depois meter pela Maria da Fonte e, finalmente, pela rua Angelina Vidal, também íngreme. Já estamos perto da rua da Graça e o resto é tudo em plano. Duvidamos que lá se chegue tão rápido, mas as dicas soam simpáticas.
A Lisboa Horizontal é uma aplicação gratuita de GPS, lançada por ocasião do Dia Europeu sem Carros, que se comemora a 22 de setembro, e pretende ajudar os ciclistas lisboetas (e de Bruxelas) a ultrapassar os picos mais duros da topografia da capital.
Kobe Vanhaeren, um arquiteto paisagístico belga, juntou-se a mais dois amigos portugueses para criar a App vencedora do concurso de ideias Vodafone Power Lab, no ano passado. Depois de um ano e meio a incubar, eis que pode sair do papel para estimular o uso da bicicleta e acabar com desculpas esfarrapadas.
“Quando vim viver para Lisboa, trouxe a minha bicicleta, mas tive algumas dificuldades iniciais. Foi por isso que me dediquei a estudar a topografia e a calcular inclinações. Descobri que 63% da cidade tem inclinações iguais ou inferiores a 4%, que é aquele limite abaixo do qual toda a gente consegue pedalar”, conta Kobe. Em vez de criar uma rede de ciclovias, preferiu tomar o caminho mais informático.
A Lisboa Horizontal (há-de estar em muitas mais cidades) não consegue eliminar as colinas da capital, mas torna as viagens de bicicletas mais leves. Quando não há volta a dar, sugere-se um salto do selim, as mãos no guiador e a esperança que o caminho se torne menos duro.