O Alzheimer é a forma mais comum de demência, e afeta, segundo os dados mais recentes da Europe Alzheimer, 90 mil portugueses. Quase 1% da população. A doença progressiva que provoca perda de memória, dificuldades de comunicação e incapacita o doente de realizar as tarefas diárias mais simples ainda não tem cura, mas investigadores do Salk Institute for Biological Studies da Califórnia parecem estar no caminho certo para mudar isso.
Num estudo publicado recentemente no Aging and Mechanisms of the Disease, os investigadores revelaram que encontraram provas de que o tetraidrocanabinol (THC) e outros compostos químicos encontrados na canábis podem remover as aglomerações tóxicas da proteína beta-amilóide, a principal responsável pela progressão do Alzheimer.
De acordo com Antonio Currais, um dos investigadores do estudo, a inflamação do cérebro está associada ao Alzheimer, mas sempre se pensou que a única resposta contra a inflamação vinha do sistema imunitário, e não das células nervosas: “Quando conseguimos identificar a base molecular da resposta inflamatória, tornou-se claro que componentes semelhantes ao THC podem proteger as células nervosas e impedir que morram.”
“Apesar de haver estudos que sugerem um efeito neuroprotetor dos canabinóides contra os sintomas do Alzheimer, nós acreditamos que o nosso é o primeiro estudo a demonstrar como os canabinóides atuam perante as inflamações e as placas de beta-amilóide acumuladas nas células nervosas”, salientou David Schubert, investigador que liderou o estudo.
Os estudos foram feitos em cérebros criados em laboratórios que simulam os efeitos do Alzheimer.
Outros estudos têm mostrado que o THC é bastante eficiente no alívio de dores crónicas em doentes com cancro, doentes com sida, stresse pós-traumático e enfartes.