Viajar de avião tem particularidades para cada passageiro. Há os que bebem qualquer coisa alcoólica no aeroporto para “aterrarem” no assento e dormitarem a viagem toda. Os que têm pernas compridas demais para a distância (cada vez mais curta) entre os bancos, os que leem o tempo todo para não pensarem que estão fechados numa cabine. Os que querem lugar à janela ou os que preferem na coxia. Mas há uma coisa que ninguém quer: viajar no lugar do meio. Sobretudo quando se viaja sozinho.
As queixas vão desde não ter espaço para abrir o portátil e trabalhar, sentir-se “entalado”, como numa lata de sardinhas, ao inconveniente de se querer levantar para ir à casa de banho e o parceiro do lado estar a dormir.
As companhias aéreas norte-americanas parecem ter encontrado a solução para estes lamentos. E claro, é mais cara. Ou, dependendo da perspetiva, mais barata, para os que não se importam de viajar entre duas pessoas.
Segundo o New York Times, algumas companhias já começaram a distribuir panfletos aos passageiros para que façam, vá lá, um up-grade para um lugar numa das extremidades. Ou seja: pague mais e evite o lugar do meio.
As que não têm política de lugares marcados, como a Southwest, aumentaram o preço do cartão de embarque e quem não o quiser pagar terá de enfrentar a corrida ao check in online 24 horas antes do voo.
Uma das maiores empresas de aviação norte-americanas, a Delta Airlines, já não permite que o passageiro com um bilhete de económica marque o seu lugar antes do check-in oficial para permitir que os clientes que compraram bilhetes mais caros possam escolher o lugar que querem. A United Airlines já disse que vai fazer o mesmo.
Um cirugião plástico, citado pelo New York Times, recusou-se a viajar “preso” no meio quando se deparou com um voo cheio e um único assento vazio. “Disse-lhes que preferia esperar por outro voo. Faria qualquer coisa para evitar aquele infame lugar do meio”. Acabou por esperar quatro horas no aeroporto, mas diz “que valeu a pena” porque não quer “ter alguém a olhar por cima do meu ombro”.
Não é raro os passageiros fazerem trocas entre si. Há quem pague ao companheiro do lado para tocar de lugar ou ofereça bebidas. Mas há, também, outros truques e, aqui, entra a paciência das assistentes e comissários de bordo. Invoca-se a desculpa das pernas compridas, da claustrofobia, do facto de precisar de ir várias vezes à casa de banho ou propensão para enjoar. Um parece ser o mais eficaz de todos: chorar.
