Trinta e nove médicos portugueses participaram no programa de formação médica avançada da Fundação Gulbenkian. Um luxo, que terminou em 2015, e que possibilitou que estes profissionais pudessem estar durante três anos inteiramente dedicados à investigação clínica. “Uma componente essencial na medicina”, defende a diretora do serviço de bolsas da Gulbenkian, Margarida Abecassis.
Terminado o programa, que obrigou a um “envolvimento financeiro muito grande”, admite a responsável, é hora de fazer o balanço e apresentar resultados. O que acontecerá hoje, 8, durante o dia, numa conferência na sede da Fundação, em Lisboa.
Inês Pires da Silva, oncologista, foi uma das selecionados entre os 250 candidatos. E assume que o doutoramento lhe “mudou a vida”. Para a investigação escolheu a Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, o país escolhido por onze dos bolseiros. Aí, a médica estudou uma nova via de ataque ao melanoma, sobretudo o avançado, utilizando recetores celulares que influenciam a atividade do sistema imunitário. No fundo, Inês testou um novo alvo para a chamada imunoterapia – forma de tratar o cancro que se baseia na estimulação do nosso sistema de defesa.
Dos 39 alunos do programa de doutoramento da Fundação Gulbenkian, 27 optaram por cumprir a componente de investigação no estrangeiro – EUA e Reino Unido, sobretudo. A conferência que decorre hoje será uma oportunidade para se conhecer o que andaram a investigar e de que forma poderão integrar estes resultados na sua prática clínica.
Para Inês Pires da Silva ainda está tudo em aberto. No último ano da especialidade, que está a concluir no Instituto Português de Oncologia, tem já vários projetos de investigação em mente e a ambição de dinamizar a investigação naquele hospital. “Ficar em Portugal seria uma boa opção para mim. Vamos ver se consigo conciliar a clínica com a ciência”, revela a médica.