Miguel Januário (kiss my walls), Frederico Draw, Gonçalo Ribeiro (MAR) e Diogo Machado (Add Fuel) foram escolhidos pelo artista plástico Vhils, co-fundador da plataforma artística portuguesa Underdogs, para criar um mural de homenagem ao 25 de abril, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH).
Tinham quatro dias para executar o trabalho, mas problemas logísticos com uma grua roubaram-lhes 24 horas. Colocar andaimes na avenida de Berna foi a solução mais rápida.
Quando Guimarães foi Capital Europeia da Cultura, Miguel Januário fez um enterro simbólico de Portugal. Mas o motivo que o trouxe do Porto é outro. O artista libertou o escudo português das amarras da ditadura e marcou o presente com um coração e duas armas G3, de canos voltados para baixo.
Frederico Draw é também do Porto, onde é mais difícil pintar nas ruas legalmente. O seu foco é o retrato do capitão de abril Salgueiro Maia, a partir da icónica imagem do fotojornalista Alfredo Cunha. “Estou a interpretar com o meu cunho pessoal, à base de riscos e de tramas, que me ajuda a carregar a imagem de um povo, também carregado pelos tempos difíceis”.
Numa pausa para falar com a VISÃO, Diogo Machado reparou num jovem que passava na rua, vestindo uma t-shirt com uma ilustração que ele criou para a Nike. Depressa regressou ao muro, desenhando padrões dentro dos cravos e das espingardas, através de stencil, onde reinterpreta a azulejaria portuguesa.
Gonçalo Ribeiro fez as mãos do povo que sustentam Salgueiro Maia. Nos punhos inscreveu as palavras de ordem da revolução.
A ideia de pintar um mural partiu do Instituto de História Contemporânea da FCSH, que fez questão de não ver previamente o projeto. Nesta intervenção, para celebrar os 40 anos do 25 de abril, repensa-se o passado, marca-se o presente e pergunta-se pelo futuro.