
Por estes dias, Ann Druyan e Neil deGrasse Tyson já terão regressado a suas casas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos – e completamente esfalfados, imagina-se. A digressão de lançamento da nova série Cosmos, a estrear nos canais National Geographic de todo o mundo, levou-os, quais rock stars, a Londres, Singapura, Sydney, Cidade do México e Los Angeles. As passagens meteóricas por estas cidades incluíram, sempre, visionamentos do primeiro episódio e centenas de entrevistas a jornalistas estrangeiros.
A VISÃO esteve com eles na primeira paragem de dois dias, em Londres, no Soho Hotel, em pleno bairro boémio, habituado a receber as estrelas de Hollywood que param na capital inglesa para promover os seus filmes. A escolha do local faz sentido: a produção do programa está envolta em números astronómicos e meios dignos da indústria cinematográfica.
Cosmos: Odisseia no Espaço fez a sua estreia em mais de duas centenas de países, anunciando-se como o maior lançamento global da História da televisão. Em Portugal, a estreia aconteceu no dia 10 de Março, o primeiro episódio poderá ser visto com menos de 24 horas de diferença em relação aos Estados Unidos, simultaneamente, no FOX, FOX Life, FOX Crime, FOX Movies e National Geographic (é aqui que passará o resto da série). A nova versão de Cosmos: Uma Viagem Pessoal, criada pelo famoso astrofísico Carl Sagan, que foi um sucesso televisivo nos anos 1980, tem a assinatura de Seth MacFarlane (Family Guy e Ted), que se junta aos criativos originais: a viúva do antigo apresentador, Ann Druyan, e o astrónomo Steven Soter. Filmado ao longo de três anos, em 40 locais e 12 países diferentes, o primeiro Cosmos cativou mais de 750 milhões de pessoas, muito à custa do talento de Carl Sagan, capaz de desmitificar qualquer informação científica.

Neil deGrasse Tyson, Astrofísico e apresentador, 55 anos- Nasceu no Bronx, mas hoje tem casa em Manhattan. É diretor do Planetário Hayden e um famoso e bem disposto apresentador de programas de ciência. Já publicou dez livros, mas abordam-no na rua (entre 50 e 100 pessoas por dia), essencialmente pelos seus desempenhos televisivos
‘Remake’, mas não tanto
Da versão original, restam as imagens iniciais – nas falésias de Monterey, na costa do Pacífico Norte, na Califórnia – o calendário Cósmico e a nave da imaginação. O apresentador segue o legado do mestre, mas tem um estilo muito diferente. Neil deGrasse Tyson é já uma lenda nos EUA.”Da primeira vez, tínhamos o incomparável Carl Sagan como a força central da conceptualização do programa. Mas íamos improvisando, porque nunca fizeramos nada daquela dimensão”, confessa Ann Druyan. “Sentimos muito a sua falta, mas inspirámo-nos no que aprendemos com ele. Foi assim que nasceu o desejo de contar novas histórias e não apenas o de fazer um remake.” Ann promete muitas surpresas a bordo da nave da imaginação, como uma viagem ao sistema reprodutivo de um urso.
Os meios tecnológicos marcam bem as fronteiras entre as duas versões. No entanto, há 34 anos, o programa foi pioneiro. “Fomos um dos primeiros a usar fundos verdes [que permitem inserir qualquer tipo de imagem por cima], e, com isso, conseguimos fazer maravilhas.” Os fundos verdes continuam a ser utilizados, mas a habilidade de simular a realidade, de viajar no cosmos e de dimensionar essas imagens é completamente diferente – “mais realístico e dimensional”.
A linguagem simples permite que toda a gente perceba do que se está a falar. Trata–se, pois, de um programa familiar, em prime time. É caso para perguntar: To be continued? Se as mega-audiências gostarem destes 13 episódios, Ann Druyan está disposta a mais uma temporada de viagens no Cosmos.