O Chega voltou a decidir não divulgar os resultados completos de uma sondagem que encomendou à Aximage. A 25 de março, o órgão oficial do partido, o Folha Nacional, publicou uma notícia com o título “Sondagem: CHEGA ultrapassa os 20% nas intenções de voto dos portugueses”. “O CHEGA alcançaria 20,2% das intenções de voto, ou seja, ultrapassaria o valor que obteve nas eleições de março 2024 (18%)”, lê-se no corpo do artigo, que tem apenas seis frases (excluindo a Ficha Técnica, que ocupa mais espaço do que a notícia em si).
Este resultado foi amplamente divulgado por deputados e dirigentes do Chega, incluindo André Ventura, que no X (ex-Twitter) publicou uma imagem com um gráfico e o título “CHEGA ULTRAPASSA OS 20%”.
Mas nem Ventura nem outros elementos do Chega (e nem o Folha Nacional) divulgaram os resultados completos da sondagem. Por exemplo, deixaram de fora a opinião dos inquiridos sobre uma possível coligação do PSD com o Chega – opinião essa que é largamente negativa.
No inquérito, só ontem publicado pela ERC (a entidade reguladora espera sempre 15 dias quando apenas são revelados dados parciais das sondagens), é perguntado “Pensando agora num cenário pós-eleitoral em que o PSD ganhe as eleições sem maioria absoluta, qual das seguintes frases reflete a sua posição?”. Resultado: 64% responde que “O PSD deverá manter a sua posição atual e não formar coligação com o Chega” e apenas 22% defende que “Os partidos de Direita, PSD e Chega, devem formar uma coligação pós-eleitoral”; 14% não sabe ou não responde.
Estes 22% que apoiam uma coligação correspondem praticamente às intenções de voto no partido (20,2%).
Outro resultado desfavorável para o Chega que o partido decidiu não divulgar foi o de dinâmica de vitória. À pergunta “Independentemente do seu voto e das suas preferências políticas, qual é, na sua opinião, o partido ou coligação que irá vencer as próximas Eleições Legislativas?”, 38% respondem “PS” e 37% “PSD/CDS-PP/PPM”. A resposta “Outros”, que inclui o Chega, recebe apenas 4%.
A publicação de resultados parciais das sondagens que encomenda (sempre à Aximage) tem sido prática comum no Chega. Invariavelmente, ficam de fora os resultados desfavoráveis.