Uma semana depois de Assunção Cristas ter anunciado indisponibilidade para voltar a ser rosto de uma candidatura do CDS em Lisboa, tendo em conta que o próprio partido terá lançado o seu nome sem a ter consultado primeiro, o deputado João Gonçalves Pereira criticou, esta quarta-feira, a direção de Francisco Rodrigues dos Santos por ter perdido a oportunidade de contar com a antiga presidente centrista a apresentar-se de novo às autárquicas, no outono., após o resultado surpreendente há quatro anos.
Segundo o líder da Federação de Lisboa do CDS, Rodrigues dos Santos não estará a passar a mensagem a Rui Rio de que, tendo em conta que Cristas teve quase o dobro dos votos da social-democrata Teresa Leal Coelho, os centristas devem ter direito ao cabeça de lista na capital. Senão, apontou ao Irrevogável, o partido deve ir sozinho a eleições na capital, porque “tem de fazer uma prova de vida”.
“O CDS está a incorrer em erros: vejo fontes da direção [de Rodrigues dos Santos] a falar para jornais que numas legislativas basta um acordo com o PSD e ter dois ou três deputados, porque o importante é ir para o Governo. Em relação as autárquicas, os sinais que vejo [também] são negativos, no caso Lisboa em concreto, de que vamos numa coligação encabeçada pelo PSD. O CDS não só não está em saldos, como a sede no Largo do Caldas não tem uma placa a dizer ‘liquidação total’. O CDS não pode ter medo de ir a votos. Tem que fazer uma prova de vida. E sempre que fez uma prova de vida com os seus dirigentes encontrou o seu caminho”, disse o dirigente, no programa de entrevistas da VISÃO, que lembra que, desconhecendo o ponto em que estão as negociações a nível das cúpulas partidárias, as locais alinham na tese de que o rosto da coligação deve ser centrista.
Segundo o dirigente, “tem havido conversações regulares entre a Distrital de Lisboa do CDS e a Distrital de Lisboa do PSD, e entre Concelhia Lisboa do CDS e a Concelhia de Lisboa do PSD”. “As conversas têm corrido bem, mas também estamos a falar de pessoas muito experimentadas no terreno autárquico, em Lisboa. Da parte do PSD, distrital e concelhio, há a disponibilidade para fazer cumprir o curso histórico e o entendimento entre os dois partidos: quem tem o melhor resultado na última eleição, na seguinte encabeça essa coligação”, disse.
Se não houve um consenso nesse sentido, então João Gonçalves Pereira é taxativo: “O CDS não tem que se entregar nos braços do PSD. O CDS pode ir a votos sozinho, tem qualidade, tem quadros”. “Claro que se a pergunta for: conseguem repetir o resultado 2017? Como é evidente, ninguém no seu perfeito juízo irá dizer que vamos conseguir repetir isso. Nem devemos ser a bengala de ninguém e nem andar de mão estendida”, apontou, não descartando a possibilidade de acordos com o Iniciativa Liberal em algumas autarquias.
Sobre a indisponibilidade de Cristas, Gonçalves Pereira disse que “o processo foi muito mal conduzido pela direção do CDS, e em particular pelo presidente do partido”, de quem, argumentou, ainda não surgiram sinais de que tomou outro rumo após o polémico Conselho Nacional, onde Adolfo Mesquita Nunes desafiou Francisco Rodrigues dos Santos a avançar para eleições internas. “Os primeiros sinais não são nada animadores, nada. Mas ainda estamos no rescaldo desse Conselho Nacional, vamos aguardar”.
Para ouvir em Podcast: