O abaixo-assinado ainda corre, mas a Iniciativa dos Comuns já recolheu 200 assinaturas de pessoas que não são militantes do PCP nem do PEV, mas subscrevem um manifesto de apoio à CDU contra “a cassete neoliberal”.
“Não falta quem hoje nos imponha a cassete de que a riqueza é criada por unicórnios, que o emprego é uma benesse concedida pelos patrões e que a liberdade está em podermos ser explorados por empresas de aplicativos. Contra esta narrativa, preferimos fazer eco de uma cassete alternativa: a repartição da riqueza entre o capital e quem a produz é uma questão política decisiva na construção da igualdade”, lê-se no texto, que é assinado por figuras do ativismo, como Flávio Almada e a ex-militante bloquista Rita Silva, do jornalismo como Vítor Belanciano, da economia como João Rodrigues, ou da música como os rappers Valete e Xullaji.
“No próximo dia 18 de maio, assumiremos um compromisso com a esperança em tempos que são difíceis. Apelamos a um voto certo e seguro contra as desigualdades económicas e o neoliberalismo, contra todas as derivas militaristas e seus efeitos humanitários e ambientais nefastos”, escrevem estes independentes, alguns dos quais chegaram a ser militantes comunistas e se afastaram do partido na época da Renovação Comunista.
As críticas à esquerda que apoia o rearmamento
Num texto muito crítico da opção de rearmamento determinada pela União Europeia e dos partidos de esquerda que a subscrevem, como o PS e o Livre, os subscritores do manifesto “Os dias levantados” questionam a democraticidade da imposição do investimento em armas, que não encontra sustentação nos tratados europeus.
“Pretendendo “rearmar-se” com mais 800 mil milhões de euros, a União Europeia chega mesmo a abdicar das regras orçamentais que impõe a quem defende maior investimento no Estado social. Demonstra-se assim de forma trágica a razão do PCP e dos movimentos anti-austeridade quando afirmavam, em oposição à política da Troika, que há sempre dinheiro para aquilo que alguns querem”, lê-se no texto daqueles que encontram na CDU um força para se opor ao que muitos consideram ser uma imposição sem alternativa.
“Diante dos que querem fazer da economia de guerra mais um pretexto para fragilizar o Estado social, estamos certos de que os deputados da CDU nunca serão complacentes”, defendem, dizendo não compreender “quem, à esquerda, entenda que o rearmamento é parte da solução e não do problema”.
E para defenderem a importância de uma coligação onde está O Partido dos Verdes (agora sem representação parlamentar), argumentam que “as alterações climáticas não são dissociáveis da história do capitalismo” e que este é o voto que melhor responde aos anseios ambientalistas. “Como diz o slogan: fim do mundo, fim do mês, a mesma luta”.
A recolha de assinaturas ainda decorre no site da Iniciativa dos Comuns. A apresentação do abaixo-assinado será feita no dia 26 de abril.