Há uma nova versão sobre as contas do primeiro-ministro. O gabinete de Luís Montenegro emitiu um comunicado no qual assegura que o “primeiro-ministro não abriu quaisquer contas para fugir a responsabilidades declarativas” e afirma que “uma análise evolutiva das declarações entregues no Tribunal Constitucional revela que o primeiro-ministro encerrou e consolidou várias contas ao longo dos anos, tendo sempre declarado tais movimentos”.
Depois de o Correio da Manhã ter noticiado, citando uma fonte próxima de Montenegro, que a diferença de 226 mil euros entre o valor pago na aquisição de dois apartamentos no centro de Lisboa e as declarações de rendimentos entregues à Entidade da Transparência, São Bento diz que ficou apenas por declarar uma conta de 45 mil euros, detida em exclusivo pela sua mulher, com a qual está casado em comunhão de adquiridos.
“No caso da última aquisição de um apartamento T1 em Lisboa, o respetivo preço foi pago através de um crédito identificado na declaração de rendimentos do Primeiro-ministro e os demais fundos utilizados saíram do perímetro patrimonial também constantes da mesma declaração, sendo apenas uma componente de 45.000 € proveniente de uma conta que dela não constava, em virtude do PM não ser titular da mesma, mas antes o seu cônjuge em exclusivo”, lê-se no comunicado no qual se desmente a revista VISÃO e Correio da Manhã.
“O primeiro-ministro reafirma ter cumprido todas as suas obrigações declarativas e ser detentor de um património totalmente compatível e suportado pelos rendimentos do trabalho da família”, insiste o mesmo comunicado depois de a Entidade da Transparência ter dito à VISÃO que é obrigação dos titulares de cargos públicos declarar o montante global dos seus rendimentos, ainda que parte dele esteja em contas com saldos inferiores a 50 salários mínimos nacionais, ou seja, 41 mil euros, valor abaixo do qual não é preciso declarar património.
“Em todo o caso, e para que não subsistam dúvidas, o primeiro-ministro vai dirigir um requerimento à Entidade para a Transparência para que se possa auditar a conformidade das declarações e respetiva evolução”, adianta o comunicado, onde se diz que o primeiro -ministro aguarda pelas investigações que poderão acontecer na sequência das denúncias anónimas já feitas e confirmadas pela PGR.
“Quanto às denúncias anónimas apresentadas junto da Ordem dos Advogados e da Procuradoria-Geral da República, desconhecendo-se o seu conteúdo, considera-se ainda assim que podem ser uma oportunidade para afastar dúvidas de legalidade suscitadas na esfera pública, pelo que se aguardará a tramitação e conclusão das respetivas averiguações”, diz São Bento.