O PS e o Juntos Pelo Povo (JPP) anunciaram, na noite desta segunda-feira, que vão apresentar ao representante da República na Madeira “uma solução de governo conjunta” no arquipélago. Menos de vinte e quatro horas depois de serem conhecidos os resultados finais das eleições regionais, os líderes partidários Paulo Cafôfo (PS) e Élvio Sousa (JPP) apelaram, numa conferência de imprensa conjunta, a que outras forças partidárias – da direita – a que se juntem para tirar o PSD de Miguel Albuquerque do governo.
PS e JPP somam, porém, apenas 20 deputados, e precisam de 24 para garantir uma maioria absoluta na Assembleia Legislativa da Madeira (que tem, recorde-se, 47 assentos).
Nas urnas, o PSD foi o partido mais votado, mas falhou a maioria absoluta (a última foi em 2015). Apurados os resultados finais, o PSD conquistou 36,1% dos votos, elegendo 19 deputado – apesar da vitória, este é o pior resultado do PSD na Madeira.
A segunda força mais votada foi o PS, repetindo o resultado de 2023: com 21,3% dos votos e apenas 11 deputados eleitos. Paulo Cafôfo falha todas as previsões de crescimento nas urnas, somando nova derrota (estrondosa).
O JPP foi o outro grande vencedor da noite, depois de o partido fundado na freguesia de Santa Cruz ter consolidado o estatuto de terceira força política na região. . O partido viu reforçado o número de votos e de deputados eleitos para a Assembleia Legislativa da Madeira: 16,9% dos votos e 9 deputados, mais quatro do que em 2023. O ex-presidente do governo regional, Alberto João Jardim, considerou mesmo que o partido liderado por Élvio Sousa foi “o grande vencedor da noite eleitoral”.
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Perante estes resultados, Paulo Cafôfo não se deu por derrotado, anunciando, logo na noite eleitoral, que iria iniciar contactos uma vez que “PS e JPP juntos têm mais votos que o PSD”. No arquipélago, o JPP já era visto como o provável “fiel da balança”, capaz de garantir condições de governabilidade. A conferência de imprensa desta noite veio reforçar esta intenção.
“Decidimos avançar com uma declaração de princípios para encetar contactos com partidos à exceção do PSD Madeira para obter apoio parlamentar robusto, solução governativa e tomar posse na Assembleia Legislativa da Madeira”, afirmou o líder do PS/Madeira, na conferência de impresa desta noite.
O presidente do JPP, Élvio Sousa, disse que o objetivo é “começar um novo ciclo político na Madeira”. “Dissemos à população que estamos preparados para governar”, diz. “Outros partidos têm criticado a hegemonia e as falhas do PSD/Madeira, não vejam isto como um ato só de nós dois”, num apelo para que outras forças políticas se juntarem a esta solução.
Para conseguir essa maioria, PS e JPP precisariam de contar com o apoio de CDS-PP, IL e PAN – a soma daria os 24 deputados necessários.
O CDS-PP, com 4,0%, elegeu dois deputados. Já a IL, que conseguiu 2,6%, mantendo o deputado único. Também o PAN, com 1,9% dos votos, elegeu Mónica Freitas – que, na última legislatura, apoiou o governo de coligação de PSD e CDS-PP.
Por outro lado, a Assembleia Legislativa vai ter ainda quatro deputados do Chega. A candidatura de Miguel Castro ficou-se pelo quarto lugar, com 9,2% dos votos e quatro deputados eleitos, mantendo os resultados obtidos há um ano (tinha tido 8,8% e elegido os mesmos quatro deputados em 2023).
Perante este cenário, o Chega ainda pode constituir-se como “peça” importante numa eventual “geringonça” à direita… ou à esquerda: um acordo entre PSD, CDS e Chega somariam 25 deputados no Parlamento madeirense. Miguel Albuquerque sempre rejeitou “linhas vermelhas” que impedissem uma solução de governo estável. O problema é outro: André Ventura afirma que não vai fazer acordos com Albuquerque, que carrega o (pesado) estatuto de arguidos num processo de corrupção. Surpreendentemente, Paulo Cafôfo e Élvio Sousa também não excluíram o Chega na comunicação desta noite.