Timor-Leste, a ilha da esperança
Os habitantes do primeiro Estado independente do século XXI – formalmente, a 20 de maio de 2002 – tiveram de penar imenso até verem reconhecido o seu direito à autodeterminação. Após a Revolução dos Cravos, a comunidade internacional partiu do pressuposto de que Timor-Leste nunca seria uma prioridade para as novas autoridades em Lisboa. Há meio século, essa então província ultramarina não tinha movimentos independentistas ou quadros superiores preparados para assumir a liderança do território e a lógica da Guerra Fria abriu logo caminho para a Indonésia a invadir (em dezembro de 1975), com o reconhecimento imediato (de jure ou de facto) da Austrália, dos EUA, do Reino Unido e de França, entre outros. Só que Portugal nunca aceitou a anexação e as sucessivas violações dos direitos humanos pelo regime de Jacarta (extermínio de quase 10% da população até ao dealbar do milénio) tornaram a situação insustentável. Apesar da soberania plena e das melhorias em alguns indicadores sociais (a esperança média de vida aumentou, neste século, dos 59 para os 68 anos), Timor continua a ser um dos Estados mais pobres do mundo. O petróleo e o turismo ainda não produziram milagres.