André Ventura foi a todas. Durante 50 minutos, o discurso de apresentação da (nova) candidatura de Ventura a presidente do Chega revisitou polémicas, incluiu ataques ferozes ao PS e à geringonça, recordou “vitórias” na Madeira e nos Açores e passou, um a um, todos os tema-bandeira que fazem parte da agenda do partido de direita radical e populista. Tudo perante cerca de 800 delegados, que foram recebendo cada palavra, cada frase, cada piada do líder com incontido e ruidoso entusiasmo.
O lema escolhido que decora as mesas da VI Convenção do Chega parece um regresso às origens: “Limpar Portugal!”, clama o partido. E repete o líder, ao som de entusiásticos (e ruidosos) aplausos.
Recordando “as vitórias” nos Açores, “que afastou o socialismo do poder”, e na Madeira, que “impediu a maioria absoluta do PSD”, Ventura quer mais, e diz que “se candidata porque acredita que pode vencer as eleições legislativas de 10 de março”. O PS e uma (eventual) nova Geringonça são os adversários escolhidos por Ventura. A escolha, diz, é entre “o país de 2024 do Chega e o país de 1974 de Pedro Nuno Santos, o país do PREC”. “É este binómio que se vai votar a 10 de março e espero que Portugal escolha o futuro. Já imaginaram um governo com Pedro Nuno Santos, Paulo Raimundo e Mariana Mortágua?”, pergunta, perante os apupos de quem enche o Centro Cultural de Viana do Castelo.
Relembrando polémicas como a Operação Influencer ou o caso das gémeas, Ventura falou de “combate à corrupção” e “dignificação” do país. Passou por José Sócrates e Ricardo Salgado, “que anda a passear por Cascais”, garante, até chegar ao ex-ministro João Galamba e a Pedro Nuno Santos.
Depois, passou para a lista de promessas. Aqui, destacou os amores, mas também não esqueceu os ódios de estimação da extrema-direita.
Rita Matias mandatária nacional
André Ventura escolheu Rita Matias como a mandatária nacional do Chega para as legislativas de 10 de março. A jovem deputada – única mulher no lote de 12 parlamentares do partido – confirma o capital de confiança que conquistou dentro do partido, depois de se ter tornado na principal figura da Juventude do Chega, com forte presença nas redes sociais.
A lista de desejos foi, então, desfiada, para gáudio dos delegados. Aproveitando os protestos da PSP e GNR por melhores salários e condições de trabalho, André Ventura garantiu que “nenhuma maioria de direita existirá, em Portugal, sem que a primeira medida não seja a equiparação dos ordenados de todas as forças de segurança”. Exigiu uma imigração “justa” e “regulada” – “uma casa tem de ter portas e janelas” – e voltou a prometer que lutará para que, em seis anos, não haja nenhum idoso com uma pensão abaixo do salário mínimo nacional”.
O grande aplauso da apresentação da candidatura foi, porém, quando Ventura prometeu “não vai haver um único tostão para as associações para a igualdade de género”. “Vou dizer: essas associações todas, esqueçam, que não vão receber um tostão…”, afirmou, sob aplausos e gritos de alegria. “Vou, antes, criar um fundo de apoio para as nossas forças de segurança, para dar justiça aos nossos ex-combatentes”.
O Chega está reunido, até domingo, no Centro Cultural de Viana do Castelo, para aprovar alterações dos estatutos e eleger os órgãos do partido, como a direção, conselho nacional e conselho de jurisdição. A confirmação da reeleição de André Ventura como presidente do Chega está agendada para esta tarde. O líder volta a discursar amanhã, no encerramento do evento.