As palavras do advogado Manuel Magalhães e Silva saíram em tom exaltado: “O Senhor Procurador devia ir à televisão e explicar ao povo as contrapartidas deste processo que já levou à queda do Governo, para que toda a gente possa rir.” O destinatário da mensagem foi o procurador Ricardo Lamas que, horas antes, tinha defendido perante o juiz Nuno Dias Costa a aplicação da prisão preventiva para o cliente de Magalhães e Silva, o advogado Diogo Lacerda Machado, e Vítor Escária, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, António Costa, após cinco dias de detenção na Operação Influencer. O juiz não se riu, nem se sabe se foi sensível ao argumento, mas acabaria por concordar com os advogados, baixando drasticamente as medidas de coação pedidas pelo Ministério Público. “Reduziu aquilo a pó”, comentou à VISÃO um respeitado professor de Direito Penal.
Foi num clima de tensão entre Ministério Público e defesas que decorreram as alegações finais dos primeiros interrogatórios dos cinco arguidos detidos, na terça-feira, 7 de novembro, e presentes a juiz de instrução criminal, que os questionou durante cinco dias. Um dos presentes na sala adiantou à VISÃO terem existido “vários momentos quentes”, sobretudo após o procurador, o primeiro a alegar, fazer a defesa do “plano criminoso” que o Ministério Público considera ter estado por detrás da aprovação do centro de dados, em Sines, da empresa Start Campus, mantendo os crimes de corrupção, prevaricação e tráfico de influências imputados aos arguidos no despacho de indiciação.