É preciso entrar e circular pelos corredores internos do PSD para se perceber a importância que Sérgio Azevedo, descrito pelo primeiro-ministro, António Costa, como o “articulador de uma rede de corrupção”, teve no interior do partido social-democrata, na primeira década de 2000. Até chegar a deputado, em 2011, o principal alvo do processo Tutti Frutti cimentou a sua posição no que, normalmente, se designa como “aparelho” partidário, criando ligações, afetos, ascendências e dependências, algumas sob suspeita de um caso que o Ministério Público (MP) arrasta há seis anos, sem acusações nem arquivamentos conhecidos.
As primeiras denúncias relativas ao funcionamento do gabinete dos deputados municipais de Lisboa do PSD chegaram ao MP em 2013, através da plataforma de denúncias anónimas. As informações remetidas davam conta da “não prestação de serviços contratados” a assessores do PSD, na Assembleia Municipal de Lisboa. Ora, em 2016, foi precisamente outra denúncia anónima que espoletou a abertura do inquérito 152/16.8TELSB, batizado pela Polícia Judiciária de Tutti Frutti, aquando das primeiras buscas em 2018. Em resumo: a informação remetida ao MP referia que o grupo municipal do PSD, “liderado por Sérgio Freire Azevedo”, tinha “adjudicado elevados montantes a assessores em contratos fictícios, sem qualquer retorno em trabalho”.