Os ventos fortes até já poderão ter passado, não tendo caído com eles o Governo, mas as nuvens escuras, que resultaram dos incidentes ocorridos no Ministério das Infraestruturas, parece que vieram para ficar; sendo certo para muitos socialistas que Belém e São Bento não voltarão a partilhar nenhum chapéu de chuva, em caso de borrasca. Na verdade, se a tempestade que se começou a desenhar no horizonte há um mês, com o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP, permitiu a muitos um reposicionamento dentro do PS – principalmente, o daqueles que já sentiriam o cheiro a poder associado a delfins de António Costa –, há agora quem tema o que está para vir, devido ao efeito de futuras audições, e peça uma urgente discussão interna no partido sobre a estratégia a seguir nos próximos meses.
Já quanto à decisão de António Costa, que manteve no Executivo o ministro João Galamba, contra a vontade de Marcelo Rebelo de Sousa, a VISÃO auscultou, junto de vários socialistas de peso, uma sensação de “enorme orgulho” com tal murro na mesa, face a Belém, e apurou que passou a respirar-se com mais confiança no Conselho de Ministros. Ainda que não falte quem lamente, não só que o PS tenha perdido Belém, como o facto de ter sido assim dado um sinal de que o secretário-geral do partido está para ficar, ao baralhar as contas sobre o futuro dos hipotéticos sucessores – sobretudo quando é preciso começar a desenhar a tática para as “europeias” de 2024.