Duas semanas de trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Tutela Política da Gestão da TAP bastaram para pôr o PS em estado mayday. Todavia, o modo de emergência nas fileiras socialistas, provocado pelas diversas declarações no Parlamento, principalmente as da ainda presidente executiva da transportadora, Christine Ourmières-Widener, não está a ser gerido de forma concertada entre o Governo, a bancada parlamentar e o partido; ainda que o objetivo seja comum – a fuga à turbulência que se abateu sobre o trajeto da maioria absoluta, que já vinha a ser perturbado, no último ano, por múltiplos “casos e casinhos”. Se no Executivo a estratégia passa por atirar todas as responsabilidades do processo para o “cadáver político” em que se tornou o ex-secretário de Estado Hugo Mendes, já na bancada parlamentar acusa-se o toque da falta de um aviso à navegação vindo do Governo. Enquanto isso, no PS, o grupo de Pedro Nuno Santos começa a ser diabolizado e fazem-se muitas contas, tendo em vista que os putativos candidatos à sucessão de António Costa estão a ver o seu capital político erodido, em cada audição da CPI.
Depois de um longo silêncio, que vinha desde o dia em que apresentou várias medidas do programa Mais Habitação, a 30 de março, António Costa testou, antes de rumar a uma visita à Coreia do Sul, a eficácia da fórmula que foi desenhada dentro do Executivo para enfrentar os efeitos do inquérito parlamentar: atribuir as responsabilidades pelo que correu mal a quem já cá não está para se defender. Entenda-se, a Hugo Mendes, e, por conseguinte, a Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, cujo rasto de SMS, emails e uso de WhatsApp, até agora revelados sobre a sua gestão no caso Alexandra Reis, contraria regras básicas da gestão política, ainda para mais no setor da aviação – onde impera a regra TFIL: a de que todos os planos de voo são transmitidos por telefone, de viva voz…