À beira da sua V Convenção e novamente a braços com irregularidades detetadas pelo Tribunal Constitucional, o Chega é o partido que mais razões tem para sorrir, segundo a mais recente sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Enquanto no interior do partido chovem queixas e reclamações contra a “asfixia democrática”, do lado de fora o sol brilha para André Ventura.
Neste barómetro, a terceira força política do Parlamento atinge 12,9 %, bem acima do resultado eleitoral das legislativas do ano passado (quase 7,2 %). E em Lisboa já vale mais de 16 %, segundo esta “fotografia” tirada entre 10 e 14 de janeiro a partir de 805 entrevistas a maiores de 18 anos. Na verdade, é o Chega quem mais puxa pela “carroça” da Direita, uma vez que a liderança de Luís Montenegro não consegue suplantar 25,1%, ou seja, quase três pontos abaixo do score obtido por Rui Rio nas eleições. No Porto, alguém deve estar a rir-se com estes e outros espinhos do homem que sucedeu ao ex-autarca da Invicta. E Ventura também, já agora: de acordo com este inquérito, é a principal figura de oposição ao Governo, com Montenegro atrás.
Direita na frente
A Iniciativa Liberal (IL) quase duplica a sua percentagem eleitoral (está agora nos 9,5%, segundo este inquérito). Embora fragmentado e com o centro a esboroar-se, é o cenário que permite à Direita, como um todo, colocar-se à frente da Esquerda: a soma dá 47,5 %, quase oito pontos mais do que a Esquerda unida (41.9). O PAN, com 3,1 %, não faz qualquer diferença na balança.
Embora com subidas, BE (6,6) e CDU (4,8) têm valorizações tímidas face às legislativas de 2022. Mas o Livre regista 3,4 %, quase o triplo da percentagem obtida nas eleições que permitiram eleger Rui Tavares para a Assembleia da República. No caso do PCP, nem a mudança de líder – Paulo Raimundo substituiu Jerónimo de Sousa – dá ao partido motivos para sorrisos largos.
No último mês, a ação política do ex-presidente da IL, João Cotrim de Figueiredo, foi, entretanto, a mais valorizada pelos participantes nesta sondagem. Mas a saída do ex-deputado, consumada este fim de semana em congresso, abre uma incógnita que dá pelo nome de Rui Rocha. Na cauda dos políticos com pior desempenho está o primeiro-ministro António Costa, em queda livre em termos de popularidade. Prova de que há problemas maiores na governação, além dos “casos e casinhos”.
Governo negativo, Marcelo a perder
A gestão da crise política, com governantes na berlinda por causa de sucessivas suspeitas e escândalos, acaba por chamuscar os homens que mandam em São Bento e Belém. Ou, pelo menos, a relação entre ambos na gestão dos imbróglios, que já teve melhores dias. Costa e o seu Executivo têm uma avaliação negativa muito próxima dos 60 %, enquanto a popularidade de Marcelo também está em queda. Desde abril passado, o chefe de Governo perdeu 24% de avaliações positivas, enquanto o inquilino de Belém tem o resultado mais baixo de sempre: as opiniões concordantes com a sua atuação rondam agora os 45%, bem distantes dos 60,7% que obteve nas eleições presidenciais de 2021.
Medina, o pior
Os eleitores entrevistados pela Aximage consideram ainda que o ministro das Finanças, Fernando Medina, é o mais fragilizado do executivo, enquanto Mariana Vieira da Silva (Presidência) e José Luís Carneiro (Administração Interna), são os mais elogiados. Apesar do desgaste de quem nos governa e da desconfiança (51%) relativamente a aplicação dos fundos europeus, a maioria dos inquiridos (63 %) não vê em Luís Montenegro, nem no PSD, capacidade para liderar um Governo.
Para já, Costa tem, segundo esta sondagem, condições para cumprir o mandato que, recorde-se, é de maioria. Quase absoluta, porém – margem de erro de 5% – é a certeza de que realidade política já enterrou a tradição. As mutações em curso no eleitorado e nos partidos dão a entender que os “pequenos”, sobretudo à Direita, vão dar muito trabalho. E muitas contas para fazer.