O mais provável é que o pedido só seja feito aos deputados pela nova direção do grupo parlamentar do PSD na próxima semana, quando houver uma reunião da bancada, apurou a VISÃO. Mas a ideia já está a apanhar de surpresa alguns parlamentares laranja com esta alegada estratégia de mobilização do partido no terreno: a agenda que cada eleito tem para a sua segunda-feira irá passar a ser fornecida ao secretariado de Joaquim Miranda Sarmento. “Falta de confiança no trabalho feito”, exclamam alguns deputados, que garantem “estar em viagem para Lisboa” nesses dias; “importante para divulgar o trabalho que se faz”, defendem outros, que apontam o dedo a colegas que não andam no terreno como deveriam andar.
Segundo o regulamento da Assembleia da República, que estabelece as atividades parlamentares, a semana de trabalho dos eleitos decorre da seguinte forma: as terças-feiras, todo o dia, as quartas-feiras de manhã e ainda as quartas, quintas e sextas‑feiras, após as reuniões plenárias, são dedicadas às reuniões das comissões parlamentares. Depois, nas quartas e nas quintas-feiras à tarde e nas sextas-feiras de manhã realizam-se as reuniões plenárias. As reuniões dos grupos parlamentares, por norma, assim como a conferência dos líderes parlamentares, decorrem às quintas de manhã.
E as segundas-feiras? Bem, o início da semana é dedicado ao contacto dos deputados com os eleitores. Isto é, ninguém está no Parlamento, porque, em princípio, os parlamentares rumarão ao terreno onde se elegeram. Para tal, o salário de cada deputado inclui um abono relativo a deslocações em trabalho político ao círculo eleitoral, que é pago mediante um simples preenchimento do itinerário feito e de um comprovativo que andou por aquele sítio.
Ora, a VISÃO apurou que a intenção da direção de Joaquim Miranda Sarmento, eleito há cerca de três meses líder parlamentar do PSD, para suceder a Paulo Mota Pinto, é que os deputados possam fornecer informação no final de cada semana sobre como pretendem usar a sua segunda-feira no contacto com eleitorado; mas também o seu fim de semana. Fonte próxima adiantou que a intenção é ajudar os deputados a fazer o seu trabalho nas segundas-feiras, como por exemplo, ajudando-o a divulgar através do seu gabinete de comunicação – nas redes sociais e, aqueles que possam merecer destaque, serem comunicados à imprensa regional.
“Espero que a direção saiba que os deputados mais distantes passam as segundas-feiras a viajar de comboio, ou autocarro, para Lisboa. E também há aqueles que tiveram de alugar quartos e casas na capital, e que passam cá a semana toda e só vão o fim de semana às suas terras. Não é por isso que não sabem o que se passa nos seus distritos”, disse um parlamentar, quando confrontando pela VISÃO com a nova estratégia. “Até parece que não acreditam que fazemos o nosso trabalho. Eu passo o dia, e os fins de semana, ao telefone e a trocar emails com associações, dirigentes e ativistas. Ou seja, contacto com o meu distrito com novas ferramentas”, confessou um outro eleito do PSD.
A verdade é que o presidente do PSD, Luís Montenegro, quer o PSD mais próximos dos cidadãos. Aliás, o próprio está a dar o exemplo, ao dedicar uma semana de cada mês a um distrito, ao qual se desloca, onde permanece por esses dias e contacta com diversas entidades.
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O início de setembro marcou o arranque de tal plano, com Montenegro a passar a primeira semana em Viseu – um território que dá bons resultados eleitorais ao partido.
Por isso, apesar de se tratar de uma bancada concebida nos moldes que Rui Rio estabeleceu, há quem veja esta decisão da bancada com bons olhos: “Isto é já na linha daquilo que Luís Montenegro disse; que é ter o partido junto dos cidadãos, no terreno. Criar de novo a proximidade que existia e que nos levou às maiorias”.