A mais nova deputada da Assembleia da República, Rita Matias, continua a ser criticada pelas suas declarações, agora mais recentemente devido à sua opinião sobre o aborto e, mais uma vez, sobre o antifeminismo.
Numa entrevista ao Diário de Notícias, a única deputada do Chega, que se assume conservadora de direita e católica praticante, quando questionada sobre a definição de antifeminismo, disse que é reconhecer que o feminismo “é um movimento que deu algumas conquistas sociais às mulheres”, mas também “reconhecer que a sociedade caminhava nesse sentido e, portanto, estas conquistas não são exclusivamente destes movimentos”, notando que não se revê nessa categoria.
“O maior antagonismo é ser um movimento de índole marxista, um movimento que separa a sociedade entre “nós” e “os outros”. É um movimento que coloca muitas vezes a mulher e o homem em oposição”, analisa. A deputada garante que “não é por dizer que não nos identificamos com o movimento que faz de nós antimulheres” como “muitas vezes” lhe dizem. “Há direitos que os homens têm que eu não quero. E ainda há passos a dar para que a mulher tenha mais reconhecimento na sociedade”. Ainda assim, A jovem destaca a sua posição de que “o lugar da mulher é onde ela quiser.”
Numa outra entrevista, Rita Matias afirmou, ao Observador, ser contra o aborto em qualquer circunstância. Quando questionada sobre o caso de uma criança de dez anos, violada, que acabou por engravidar, a jovem respondeu: “A título pessoal, sabe que sou pela vida e que lamento que uma nova criança tenha sido impedida de nascer”. “Lamento imenso e acho absolutamente lamentável e condenável que uma criança se veja nessa situação e remete-me para uma esfera do trabalho que temos de ter pela promoção da dignidade humana”, acrescenta.
Em resposta, Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, escreveu no Twitter: “Rita Matias do CH defende que uma criança violada não deve abortar. A violação tem consequências físicas e emocionais devastadoras, penhorando o direito à infância e à integridade sexual. Obrigar uma criança a ter uma criança também é uma violação dos seus direitos”.
“Quem ouvir lá em casa vai achar que o meu objetivo é criminalizar. Não, aquela mulher à partida já está condenada pela sociedade que não lhe deu alternativas, não esteve ao lado dela”, refere ainda, na mesma entrevista, acrescentando que “começaria por criminalizar o médico que se disponha a tirar uma vida, porque isso é contra o código deontológico dos médicos”.