Tratou-se de uma corrida contra o tempo a constituição das listas candidatas ao Conselho Nacional do PSD, o parlamento do partido; o que obrigou o presidente da Mesa do Congresso, Paulo Mota Pinto, a adiar por duas vezes o prazo da entrega das mesmas para as 21 horas de sábado – mais de três horas depois do estipulado. Mas houve um motivo: um aumento de 30% relativamente às oito listas no Congresso de Lisboa, em fevereiro de 2020, e mais uma que há quase dois anos, em Viana do Castelo. Desta vez houve onze.
À exceção da lista de Miguel Pinto Luz e da afeta a Luís Montenegro, liderada pelo presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, as outras foram sendo compostas ao longo do segundo dia de reunião magna, em Santa Maria da Feira, inclusive as ligadas diretamente e indiretamente a Rui Rio – que, no regresso ao Europarque, onde decorre o congresso, após a interrupção para almoço, admitia à entrada que “ainda” faltava um nome naquela que é patrocinada pela direção.
Certos elencos só começaram a ser constituídos durante a tarde deste sábado, quando algumas vontades se juntaram nos corredores. Outras listas, com os quais os responsáveis a VISÃO se foi cruzando, começaram somente a ganhar forma a partir do início, como foi o caso da entregue pelo ex-deputado Luís Rodrigues ou da que tem o atual deputado Duarte Marques como um dos nomes de destaque. Houve ainda o caso de uma lista composta maioritariamente por mulheres, que foi a última a começar a ser pensada e uma das primeiras a estar fechada.
Ainda que a Lista B, encabeçada por Miguel Pinto Luz, autarca de Cascais e um dos homens fortes da distrital do PSD/Lisboa, já estivesse concertada quantos aos elementos, a VISÃO assistiu ao jogo habitual da hierarquia dos nomes: dirigentes que eram apontados para ficarem no topo, com possibilidade de eleição mais fácil, caíram na lista e outros subiram; sendo que os ex-deputados como Maurício Marques e Bruno Vitorino, e o líder da concelhia de Lisboa, Luís Newton , foram visto como os incontornáveis. Todavia, fontes ligadas a esta candidatura admitiram que dirigentes da capital acabaram por ser ceder lugares elegíveis, para uma maior representatividade geográfica.
Menor aparato motivou aquela que é liderada pelo madeirense Pedro Calado, cujo o primeiro subscritor é Luís Montenegro, ex-líder parlamentar. A ausência de Calado na reunião magna foi um exemplo da construção de tal candidatura, já que chegou a Santa Maria da Feira para lá de desenhada. Esta lista, a M, além de Calado no primeiro lugar, tem destacados dirigentes que estiveram com Paulo Rangel na recente corrida à presidência do partido: Sérgio Humberto, presidente da Câmara da Trofa, Pedro Alves, líder da distrital de Viseu, e Rui Rocha, ex-presidente da distrital de Leiria.
No polo oposto, a lista de Carlos Eduardo Torres, o deputado e vereador em Barcelos, apoiante de Rio, contrastou pela demora na constituição. A Lista C tem o deputado Rui Cristina como vice de Torres e logo a seguir a ex-parlamentar Ana Oliveira.
Porém, se houvesse um galardão neste congresso para a lista que mais depressa se constituiu – ao ponto de até ter havido mais gente disponível para a integrar do que os lugares disponíveis -, esse, iria para a encabeçada pela Lina Lopes, líder das Mulheres Sociais-Democratas, e que foi apoiante de Rio nas diretas contra Rangel. Predominantemente feminina, a Lista L provou que, que apesar de ter sido criada pelo género que se faz representar por apenas quase um décimo do número total de delegados neste congresso, tal era possível em tempo recorde.
“A maioria dos elementos desta lista são mulheres. Depois da moção K, que apresentámos ao congresso, começámos a ser pressionadas para fazer uma lista de mulheres, e alguns homens, de modo a aumentar a representatividade nos órgãos do partido – vamos tentar dar um passo nesse sentido desta forma”, admitiu Lina Lopes à VISÃO, admitindo que “colocar dez pessoas no Conselho Nacional não parece impossível”. “Foi muito rápida a constituição; ao ponto de já termos nomes ‘para troca’”, brincou. Nesta candidatura, surge em terceiro lugar Nuno Miguel Henriques, que chegou a anunciar que iria correr à liderança do PSD há um mês, mas que acabou por desistir.
Já a lista Rui Rio, a A, que foi anunciada de formalmente pelo próprio, tem nos três primeiros lugares o ex-ministro da Cultura Pedro Roseta, o ex-ministro da Agricultura Arlindo Cunha e ainda o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves. Paula Reis é a única mulher nos primeiros dez lugares de lista, surgindo apenas em sexto lugar. Refira-se que nenhuma das candidaturas é obrigada a cumprir a lei das quotas de género.