Salvador Malheiro acredita que o apoio em massa que as distritais e as concelhias do PSD manifestaram em Paulo Rangel não se vai traduzir numa vitória do eurodeputado no próximo fim de semana, em que há eleições internas. Antes pelo contrário, o vice-presidente do PSD e diretor de campanha de Rui Rio assegura que o líder social-democrata tem ao seu lado as bases laranja e até espera vir a contar com o voto de Nuno Morais Sarmento, um dos vices do partido que recusou assumir ao lado de quem está.
Se Rio sair vencedor nas eleições internas do PSD e, a isso, acrescentar uma vitória sem maioria nas legislativas, o partido não fechará a porta a nenhum partido, à exceção da “extrema-esquerda”, disse. Porém, o silêncio impera sobre o Chega, que ameaça tirar o apoio ao Governo de direita nos Açores. Mais: tendo em conta que a Comissão Política já arrancou com a constituição das listas candidatas, Malheiro justificou esse gesto como sendo um processo que cabe à ainda direção.
“Estamos com uma energia de base que nos é passada pela militância de base. São muitos e muitos os que se reveem em Rui Rio, sobretudo como aquele que melhor preparado está para exercer o cargo de primeiro-ministro. Vamos começar a trabalhar confiantes que o universo eleitoral nada tem a ver com os dirigentes concelhios, distritais ou núcleos”, disse Malheiro, na manhã desta segunda-feira, na sede do PSD, onde foi entregue a moção estratégica da candidatura “Governar Portugal ao Centro”, na ausência de Rio, que rumou à Madeira.
Ao lado de David Justino, outro vice, e de Filipa Roseta, a cabeça de lista em Lisboa nas legislativas de 2019, o dirigente fez questão de frisar que tem “esperança e fé” numa vitória, já que “todos os militantes de base têm o mesmo peso eleitoral que um dirigente”, desvalorizando o facto de a Madeira poder ser decisiva se houver uma votação taco-a-taco entre os dois candidatos.
“Os votos da Madeira são tão importantes como os de Portalegre, ou de Beja, ou de Faro. [Mas] o feedback que temos recebido por parte da Madeira é bom, é positivo”, acrescentou, revelando que a candidatura conta com um orçamento de 31 mil euros – “menor em relação às últimas eleições internas”, em que foram gastos 40 mil euros.
Perante o facto de a moção estratégica da candidatura não deixar claro qual a solução política que pode surgir se o PSD vencer as eleições, a 30 de janeiro, sem uma maioria absoluta e necessitar de formar uma coligação ou estabelecer acordos de incidência parlamentar, Salvador Malheiro optou por não assumir qualquer compromisso, “nunca fechando a porta às forças políticas democráticas e tendo a perfeita consciência de que Portugal precisa de ser libertado da extrema-esquerda”.
Apesar de serem necessárias 1500 assinaturas, a candidatura de Rui Rio recolheu entre 1700 e 1800.