PS
Costa responde com remodelação
É possível que Eduardo Cabrita saia do Governo antes que se saiba a que velocidade seguia o seu carro de serviço, quando, em junho, esteve envolvido no célebre acidente da A6. O ministro da Administração Interna é um dos nomes apontados na possível remodelação, depois da aprovação do Orçamento do Estado, ao qual se podem juntar o da ministra da Cultura, Graça Fonseca, e da Justiça, Francisca Van Dunem. António Costa já desmentiu que haja uma remodelação “em consequência das autárquicas”, talvez porque ela esteve sempre prevista, independentemente dos resultados. Segundo apurou a VISÃO, a mexida pode passar por uma dança de cadeiras que possibilite a entrada direta de Fernando Medina no executivo, numa outra pasta – mas isso é assunto tabu. Este domingo, a história do cerco de Lisboa deixou de ser apenas um título de José Saramago: a derrota na capital fere o PS onde mais dói. Ainda há oito anos, António Costa tinha tido 51% em Lisboa, e Medina foi uma escolha sua. Agora, Medina é a primeira baixa dos socialistas na corrida à sucessão, na liderança, fixando-se Pedro Nuno Santos na pole position. E o nervosismo sobre a discussão do orçamento aumenta: o PCP está ferido. Ora, se houver crise política, a maioria absoluta fica demasiado distante…

PSD
Moedas boas substituem as más?
Há 17 anos, Cavaco Silva escreveu um artigo em que citava a Lei de Gresham: a má moeda tende a expulsar do mercado a boa. E fazia uma analogia com a classe política. Na altura, o alvo era Santana Lopes, que tinha chegado a primeiro-ministro, alegadamente, “expulsando” os “bons políticos”. Dezassete anos depois, Carlos Moedas tenta inverter, no PSD, a Lei de Gresham. Moedas foi decisivo para que Rui Rio atingisse o seu objetivo de reversão dos resultados de 2017. Sobretudo, também bateu os resultados de 2013. Ainda perdeu as eleições, é certo, mas recuperou em zonas urbanas, aumentou o número de municípios (mais 16), conquistou mais capitais de distrito e roubou câmaras à esquerda. A conquista de Lisboa, por Carlos Moedas, foi um gancho de direita que levou o PS ao tapete. Se tivesse sido o único êxito importante, a vitória teria de ser creditada, exclusivamente, a Moedas. Tendo confirmado uma tendência de recuperação, o sucesso terá de ser dividido com Rio – que, aliás, escolheu o candidato. Consequência imediata: fica adiada a “clarificação” no PSD (como já reconheceu Paulo Rangel, num artigo do Público…) e Rui Rio, contra todas as probabilidades, resistirá até às legislativas. Já Moedas torna-se um ativo de peso que limita as ambições de Rangel, Moreira da Silva ou Luís Montenegro.
