Afinal, o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, não assinou a petição contra as alegadas fraudes na reconstrução do concelho após os incêndios de 17 de junho do ano passado.
Quem o garante à VISÃO é Sofia Afonso Ferreira, líder do movimento Democracia 21 (D21), que foi uma das responsáveis pela iniciativa de cidadãos intitulada “Petição contra a fraude nos apoios a Pedrógão Grande”.
A principal dinamizadora do D21, que pretende constituir-se como partido político em breve, afirma mesmo que o facto de o autarca ter prometido associar-se àquela causa não terá sido mais do que “uma forma de salvar a cara, dizendo-se tão inocente e tão em paz com tudo ao ponto de assinar a petição”.
O comunicado emitido pela autarquia a 10 de setembro, sustenta Sofia Afonso Ferreira, não terá assim passado de uma “fantochada” para que Valdemar Alves procurasse demarcar-se dos processos alegadamente suspeitos denunciados em primeira mão pela VISÃO, a 19 de julho, e que já levaram à constituição de quatro arguidos.
A segunda signatária da petição (Luís Miguel Figueiredo encabeça a lista que tem mais de 4000 assinaturas) conta ainda que nunca falou com Valdemar Alves sobre o assunto, embora recorde que até no dia da última reunião da Assembleia Municipal, 10 de setembro, chegou a ironizar sobre o facto de o autarca ainda não ter rubricado o documento. A VISÃO procurou um esclarecimento por parte do líder do executivo pedroguense, mas até ao momento não obteve qualquer resposta.
Esta quarta-feira, 19, o D21 promoveu duas manifestações, no Porto e em Lisboa contra os presumíveis esquemas de desvio de donativos para a recuperação de casas que não correspondiam a habitações permanentes. Depois disso, a meio da tarde, a petição foi entregue no gabinete do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.
A petição, recorde-se, defendia que os deputados “não podem permanecer em silêncio perante as suspeitas de tão vil violação da lei, abusando da solidariedade dos portugueses e desonrando a tragédia humana”, motivo pelo qual solicitavam que, “sem demoras”, abrissem uma comissão parlamentar de inquérito sobre as alegadas irregularidades. Para já, o único partido que admitiu essa possibilidade foi o CDS.