O Presidente da República anunciou esta madrugada que vai voltar a visitar os Estados Unidos em novembro próximo, numa deslocação em que incluirá a costa leste norte-americana e zonas com grande presença de portugueses, como Fall River.
Marcelo Rebelo de Sousa falava no final da cerimónia que marcou a abertura das comemorações do Dia de Portugal nos Estados Unidos, durante uma sessão em Boston, no estado norte-americano do Massachusetts, após o discurso do primeiro-ministro, António Costa.
O chefe de Estado, que se deslocará a Washington no final deste mês para uma reunião com o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que regressará aos Estados Unidos em novembro próximo.
“Em novembro, estarei com as comunidades portugueses com as quais não me encontrarei agora”, disse, antes de adiantar que visitará nessa altura a costa oeste e a importante comunidade lusa de Fall River, na costa leste.
Marcelo Rebelo de Sousa disse saber que algumas comunidades portuguesas nos Estados Unidos ficaram tristes por não receberem agora na sua visita.
“Desde já prometo que em novembro visitarei as comunidades que não pude visitar agora em junho. Virei à costa oeste, a Fall River, que ficaram agora muito tristes. Mas virei cá em novembro”, acentuou.
Na sua intervenção, o Presidente da República estendeu a todos os órgãos de soberania a mensagem sobre o “orgulho” do país em relação às comunidades portuguesas e adiantou um pouco sobre algumas posições que transmitirá no final deste mês a Donald Trump.
“Ele bem pode agradecer aos portugueses, porque tem aqui uma comunidade que trabalha pelo futuro dos Estados Unidos, que é honesta, trabalhadora, competente e que honra Portugal. Tem amor pelos Estados Unidos mas não esquece a nossa pátria, o nosso querido Portugal”, disse.
No seu discurso, o chefe de Estado referiu-se aos sucessos da seleção nacional de futebol, mas, sobretudo, à forma como os portugueses criaram importantes comunidades em todo o mundo.
“Temos alguns dos melhores nas artes, na ciência, nas empresas, no trabalho e temos o melhor futebolista do mundo”, numa alusão a Cristiano Ronaldo.
Marcelo Rebelo de Sousa galvanizou as largas centenas de emigrantes que o ouviam quando declarou: “Os Estados Unidos são um grande país, mas Portugal ainda é maior”.
Costa fica pelos Estados Unidos
O primeiro-ministro inicia hoje o seu segundo dia de presença nos Estados Unidos com uma visita ao Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), na zona de Boston, terminando a jornada com comunidades portuguesas de São José, na Califórnia.
António Costa chegou a Boston no domingo, ao fim da tarde, vindo de Ponta Delgada (Açores), para continuar a participar no programa de comemorações oficiais do Dia de Portugal – cerimónias presididas pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao contrário do Presidente da República, que hoje à noite regressa a Lisboa, o primeiro-ministro permanecerá nos Estados Unidos até sábado, visitando várias cidades na Califórnia (São José, São Francisco e Sacramento) e Nova Iorque, com um programa eminentemente económico-científico.
Durante a sua presença nos Estados Unidos, além dos contactos com as comunidades portuguesas, António Costa definiu como principal objetivo renovar e reforçar parcerias entre empresa, universidades e instituições dos dois países.
Hoje, logo pela manhã, António Costa chega ao MIT acompanhado pelos ministros da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, e da Economia, Manuel Caldeira Cabral.
O MIT tem parceiras com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, abrangendo várias instituições universitárias nacionais, desde o segundo Governo em que o falecido Mariano Gago foi ministro da Ciência (2005/2009).
A parceria com Portugal, segundo fonte diplomática nacional, é considerada “uma das que tem dado mais resultados em todo o mundo” e, por essa razão, o MIT está interessado em aprofundá-la.
Antes de partir para a Califórnia, onde ficará nos próximos quatro dias, o primeiro-ministro volta a juntar-se ao Presidente da República no porto de Boston ao fim da manhã, durante uma cerimónia no Navio Escola Sagres em que Marcelo Rebelo de Sousa condecorará personalidades portuguesas e lusodescendentes.
Acompanhado pelo presidente do Governo Regional dos Açores, António Costa chega a São José, na Califórnia, às 19:00 locais (03:00 de terça-feira em Lisboa), para um encontro com a comunidade portuguesa residente nesta região, que terá lugar no Centro de Convenções de Santa Clara.
Já o Presidente da República participa numa sessão institucional na “State House” de Boston e, depois da cerimónia no Navio Escola Sagres, visita o Museu da Baleia de New Bedford, antes de regressar a Lisboa.
Segundo estatísticas oficiais de 2016, residem nos Estados Unidos 1,375 milhões de portugueses e lusodescendentes, dos quais 242 mil nascidos fora deste país.
O Estado onde residem mais portugueses e lusodescendentes é o da Califórnia, com cerca de 350 mil – uma comunidade que se tem queixado de estar mais afastada do poder político português.
Após a Califórnia, é o Estado do Massachusetts onde habitam mais portugueses e lusodescendentes, cerca de 278 mil, seguindo-se Rhode Island, Flórida, New Jersey e Nova Iorque.
Costa salienta “amor” comum dos EUA e de Portugal pela democracia e liberdade
O primeiro-ministro, António Costa, manifestou-se confiante na solidez futura das relações entre Portugal e Estados Unidos, defendendo que os dois países estão unidos por valores comuns como o amor à liberdade e à democracia.
António Costa falava perante centenas de portugueses e de lusodescendentes em Providence, no estado de Rhode Island, depois de ter participado na festa do ‘Waterfire’, integrada no Dia de Portugal, que é considerada a maior romaria da comunidade portuguesa nos Estados Unidos.
Na breve intervenção, o primeiro-ministro recorreu ao percurso histórico de Portugal e dos Estados Unidos para justificar a sua tese sobre a existência de uma aliança estrutural entre os dois países, independentemente das conjunturas mundiais.
“É absolutamente essencial continuarmos a estreitar as relações entre Portugal e os Estados Unidos, porque somos ambos duas democracias, ambos amamos a liberdade e o esforço e o respeito de cada um para construir a prosperidade. É nessa comunidade de valores que Portugal e os Estados Unidos vão continuar a construir um futuro cada vez mais próximo através deste oceano Atlântico que une os nossos dois países”, disse.
António Costa dirigiu também palavras à comunidade portuguesa, dizendo que o objetivo dos órgãos de soberania nacionais “é estreitar cada vez mais as relações com a diáspora portuguesa”.
“Por isso, a Assembleia da República aprovou uma nova lei da nacionalidade que facilita aos netos dos portugueses a obtenção da nacionalidade. Por outro lado, o Governo aumentou o prazo de validade do cartão do cidadão, assegurando-se que cada titular está automaticamente recenseado para poder participar nas eleições em Portugal. É muito importante a vossa participação, quer aqui nos Estados Unidos, quer lá em Portugal”, afirmou.
Tal como tinha feito horas antes em Boston, o líder do executivo referiu-se ao programa de visita aos Estados Unidos, que termina no próximo sábado.
“Vou ficar esta semana nos Estados Unidos para promover o investimento em Portugal, mas sei que o meu trabalho está muito facilitado, porque sempre que falamos com um americano ele conhece bem Portugal através de cada um de vós. Esse é o melhor cartão-de-visita que Portugal pode ter nos Estados Unidos”, declarou, dirigindo-se novamente à plateia de elementos da comunidade portuguesa e lusodescendentes.
Antes do discurso de António Costa, a governadora do estado de Rhode Island, Gina Raimondo, num gesto invulgar, assinou na tribuna dos oradores um decreto que permite aos membros da comunidade portuguesa usarem um emblema com as cores e o escudo nacional na matrícula dos seus carros.
Uma decisão de caráter simbólico, cuja importância é de difícil compreensão para os residentes em Portugal, mas que foi muito saudada pelos portugueses e lusodescendentes.
O Presidente da República e o primeiro-ministro chegaram a Providence ao início da noite para participarem na festa do ‘Waterfire’.
Ao longo de centenas de metros, rodeados por milhares de pessoas, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, juntamente com outros 14 portugueses que se distinguiram no último ano nos Estados Unidos, transportaram nas suas mãos uma tocha.
Durante o caminho, apenas iluminado por tochas, Marcelo Rebelo de Sousa foi efusivamente saudado por muitos portugueses e lusodescendentes, que tentaram a todo custo aproximar-se do Presidente da República para tirar com ele fotografias.
A assistir a este espetáculo estavam deputados de todas as forças políticas representadas na Assembleia da República: Rubina Berardo (PSD), Lara Martinho (PS), Luís Monteiro (Bloco de Esquerda), Telmo Correia (CDS-PP), António Filipe (PCP) e José Luís Ferreira (PEV).