São poucos mas existem. Dentro do PS os militantes mais críticos da atual liderança têm pouca representação mas estão presentes em vários órgãos do partido. Daniel Adrião é um deles. Membro da Comissão Política Nacional, tem sido um dos socialistas que mais se têm afirmado contra a política seguida pelo PS, quer no partido quer no Governo. Com o aproximar da reunião Comissão Nacional do partido, que se realiza este sábado e com a ausência de contactos da direção, Daniel Adrião teme que o grupo de militantes que se opõem à atual direção não venham a integrar a Comissão Organizadora do Congresso (COC). “Se isso acontecer é muito grave. Não é uma prática típica do PS, faz até lembrar hábitos de outros partidos”, confessa o socialista à VISÃO.
“Até ao momento sei que não houve contactos com nenhum militante que pertença a esta corrente crítica.” Daniel Adrião espera que estes militantes não sejam silenciadas e possam integrar a COC, de forma a garantir a pluaralidade. O militante socialista, que apoia a geringonça mas critica a “falta de medidas de médio e longo prazo” nesta legislatura, lembra que este é o momento para ouvir o partido, não para ignorar os descontentes.
“Este será um congresso muito importante. É o último antes de um ciclo que vai ficar marcado por três atos eleitorais relevantes – regionais da Madeira, europeias e legislativas – e as vozes críticas não podem ficar de fora”, diz, assegurando que como ele há vários militantes que têm esperança de que a organização de um “momento tão importante” não se fique pela cúpula do partido.
Recorde-se que Daniel Adrião concorreu a secretário-geral contra António Costa nas últimas eleições diretas e apresentou uma lista para a Comissão Nacional no último congresso, em Junho de 2016. Em ambas as votações foi esmagado pelo secretário-geral mas conseguiu eleger 18 dos 251 membros da CN. Destes, nenhum foi ainda contactado.
“Espero que até sábado as coisas mudem pra que não se torne numa situação mais grave.” Na reunião da Comissão Nacional, que acontece no mesmo dia em que há eleições diretas no PSD, Daniel Adrião vai fazer uma intervenção onde vai apelar a uma mudança de postura do partido, e lembrar a António Costa dos compromissos que assumiu no último congresso, em que a moção que o candidato derrotado apresentou não foi votada para ser discutida mais tarde.
Mais do que servir para analisar a situação política do país e do país, a reunião do órgão máximo entre congressos vai servir para agendar o próximo congresso e eleger a COC. Já esta semana, a agência Lusa tinha noticiado que a direção do PS vai propor que o XXII Congresso se realize em Matosinhos entre 25 e 27 de Maio. Se a data for aprovada, as eleições diretas devem acontecer no início desse mês.