Depois do banho de multidão em Agra do Heroísmo, num passeio pelas ruas da cidade património mundial da UNESCO, dos beijos, abraços e selfies que já fazem parte da sua rotina, Marcelo Rebelo de Sousa voou até à ilha do Pico, onde percorreu outro património mundial: a paisagem protegida da vinha. No meio dos muros de lava e da vinha rasteira, o Presidente provou seis vinhos, três brancos e três licorosos.
Difícil escolher entre os licorosos. Dois deles eram muito parecidos, disse, e o terceiro era “pouco açoriano”, referiu, discretamente, durante a prova, com vista para a ilha de S. Jorge, do outro lado do canal.
Um grupo de turistas franceses aproximou-se. Marcelo puxou do seu melhor francês e convidou um deles a provar um licoroso. Fez conversa, perguntou se estavam a gostar. Estavam. Tanto, que a senhora ficaria pelo Pico. Marcelo respondeu que ficaria com ela. O marido, do outro lado da mesa, gracejou: “tem muito bom gosto!” Perante o sucesso da visita, o Presidente não perdeu a oportunidade para pedir, sugerir, ou mandar: il faut revenir chez vous et le dire à tout le monde! (“É preciso que regressem e o digam a toda a gente!”)
No fim, foi oferecida uma garrafa de vinho a Marcelo, a primeira de um lote de 75, única no mundo, com “20,1% de álcool de forma natural, sem adição de uma gota de álcool”, explicou o representante da Associação Vitivinícola do Pico. Quando a abriria, perguntaram ao Presidente. Pensou em várias opções: “o nascimento do primeiro bisneto? É muito arriscado. Portugal ganhar a Taça das Confederações?” Para Marcelo, uma garrafa única abre-se para marcar um ato eleitoral, que “não há”, ou um ato familiar. Como a sua cabeça “está programada para um mandato, tem de ser algo relacionado com os meus netos.” A escolha saiu pronta: “Quando eles regressarem a Portugal!” Estava escolhido o momento.
A visita à ilha do Pico prosseguiu com uma passagem pelo Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, missa na capela do Convento de São Pedro de Alcântara, transformado em Pousada da Juventude, e um encontro com o líder do maior partido da oposição, Duarte Freitas. Antes do jantar com as forças vivas, ainda teve tempo de ligar a Fernando Santos, o selecionador nacional que acabara de ganhar contra Chipre por 4-0 num jogo de preparação para a Taça das Confederações. Ao desligar, o ilhéu temporário (Marcelo) ainda pegou no telemóvel e procurou o número de telefone de outro ilhéu (Cristiano Ronaldo). Mas cedo desistiu: “oh, ele ainda está no campo…” E seguiu para o jantar.