A novela em torno das plataformas eletrónicas de transportes – como Uber e Cabify – terá mais um capítulo em cena nesta sexta-feira, com um aperitivo: mais uma divergência na geringonça, com PCP e BE decididos a chumbar a regulamentação que o Governo leva ao Parlamento para aprovação. O PSD fica com o diploma nas mãos, mas o deputado Leite Ramos garante à VISÃO que ainda “está tudo em aberto”. Os social-democratas admitem a hipótese de deixar passar o diploma para a especialidade, onde apresentarão depois um projeto alternativo para alterar a regulamentação proposta pelo Executivo.
Enquanto o debate parlamentar ocorre e os taxistas ameaçam com novos protestos, um inquérito da Eurosondagem, encomendado pela Uber, indica que 81,6% dos entrevistados, a residir em Lisboa ou Porto, acha que o Parlamento deve aprovar uma lei que regulamente a atividade destas plataformas. Embora apenas 29,5% garanta que já utilizou estes serviços, a esmagadora maioria concorda com ele (79,7%) e acha que a tecnologia e a inovação podem melhorar a mobilidade na sua cidade (86,56%). O estudo teve em conta 1017 entrevistas nos concelhos de Lisboa e Porto e o erro máximo da amostra é de 3%.
Nada que convença a esquerda que apoia o PS no Governo. O Bloco decidiu deixar o PS nas mãos do PSD e junta-se aos comunistas nas críticas à nova regulamentação. Apresentou um projeto de lei que estabelece um diferente regime jurídico para a atividade de transporte em veículos descaracterizados, fixando entre outras coisas contingentes para estes veículos por parte das autarquias. Um ponto que o Governo rejeita totalmente e um projeto que deixou o PSD “surpreso”, diz Leite Ramos.