Foi Marcelo quem definiu a sua agenda. Em dia de festa, Marcelo seria o santo da sua loja. Passou a manhã no Liceu Pedro Nunes, o estabelecimento de ensino onde (tirando a Faculdade de Direito, onde tirou o curso e deu aulas nos últimos 50 anos) passou a maior parte da sua vida de estudante.
Falou, contou histórias, sujeitou-se ao interrogatório das centenas de alunos de braço no ar. Mesmo esticando o tempo, fazendo deslizar a agenda, respondeu a 24 perguntas – uma das quais bastante política, não fosse o aluno filho de Paulo Núncio, o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo de Pedro Passos Coelho.
Chegou atrasado a Belém, onde o esperava uma equipa da CAIS a quem prometera andar na rua a vender revistas.
Almoçou com os vendedores e deu uma volta pelas esplanadas e os sítios onde costuma ir – “sou bom cliente”, na Farmácia ou nos Pastéis de Belém vão comprar. Cumpriu e seguiu para o que pretendia que fosse “parte incerta”.
Não foi à praia dar um mergulho – com o qual sonhava desde manhã – mas visitar museus, o que faz amiúde, aos fins de semana e, quando consegue, à hora do almoço.
Esteve a “fazer tempo”, adaptando os seus desejos às contrariedades do trânsito, até regressar a Belém, onde o esperavam a casa civil e a casa militar, para uma “festinha surpresa” que desejava o mais breve possível.
Seguiu-se um momento – esse sim, brevíssimo – de condecorações: Maria José Rita e Maria Cavaco Silva, as duas últimas primeiras damas, receberiam das suas mãos a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Saiu do Palácio já depois das sete, com a pressa de quem queria muito passar ainda pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. À noite, esperavam-no ainda os diplomas (um, em particular) que teria de promulgar. Foi um longo dia, cheio de afetos. No dia seguinte, teria o dobro do trabalho para despachar.