Escutas
Um glossário técnico abre o manual explicando aos espiões os termos mais ou menos encriptados que terão de conhecer. É logo aí que se deixa expresso a possibilidade de se fazer escutas, com o manual a fazer a distinção entre escuta, escuta ativa e escuta passiva. Estão em causa escutas ambientais, em que através de um simples aparelho colocado numa sala ou num telefone é possível captar os registos áudio, e não as escutas diretas autorizadas por um juiz de instrução num processo-crime.
Sigilo obrigatório
Os funcionários e agentes dos serviços de informações estão obrigados a um rigoroso dever de sigilo, que se deve manter mesmo depois de deixarem de exercer funções, porque a sua atividade está coberta por segredo de Estado.
Dados bancários e telefónicos
O manual sugere que para conhecerem e avaliarem um alvo os agentes das secretas podem recorrer a bases de dados abertas (como o google), bases de dados especializadas, forças de segurança congéneres e estrangeiras e também entidades públicas e/ou prestadoras de serviços como as Finanças (para obterem dados de IRS, IRC, IMI ou IMT), registo predial, comercial, civil e automóvel, empresas fornecedoras de água, luz e gás e ainda bancos, seguradoras e operadoras telefónicas.
Pagamentos a fontes humanas
O código de conduta dos oficiais de informações trata a gestão das fontes humanas como a atividade mais fundamental dos serviços, pois é delas que dependem as notícias. Por essa razão, diz o manual, a relação “não deve ser encarada como uma mera troca de conhecimentos por favores ou dinheiro”, devendo os espiões “procurar que a motivação principal” das fontes “seja monetária”, pois o controlo será mais “fácil e duradouro”. Os funcionários dos serviços terão ao seu dispor fichas de avaliação, que servirão para descrever qual o grau de confiança e nível de acesso de cada fonte. O manual também deixa claro que essas fontes serão pagas, e até poderão receber adiantamentos por determinados serviços, mas não impõe montantes mínimos nem máximos.
Vigilâncias
Há um capítulo inteiro reservado aos ensinamentos sobre como se vigiam alvos de forma eficaz e discreta e que prevê a hipótese de aqueles serem fotografados ou filmados. O manual também explica que no caso de vigilâncias em andamento cada viatura deverá ter uma câmara fotográfica ou de vídeo. E não pode ser uma câmara qualquer: tem de ter focagem manual.