O Banco de Portugal garante que desconhecia o acordo que o Santander Totta fez com o Governo de António Costa para comprar dívida pública no âmbito da venda do Banif ao banco espanhol.
Numa resposta enviada ao grupo parlamentar do CDS, a que a VISÃO teve acesso, o gabinete de Carlos Costa é taxativo: “o Banco de Portugal não tem conhecimento da existência de qualquer acordo entre o Estado português e o Banco Santander Totta, S.A. com vista à aquisição de dívida pública portuguesa”.
Em causa está o montante de 1766 milhões de dívida emitida pelo IGCP e que é exactamente igual ao valor que o Estado injetou diretamente no Banif quando vendeu parte dos seus ativos e passivos ao Santander por 150 milhões de euros.
O negócio foi admitido pelo próprio banco espanhol que, a 25 de Fevereiro, em comunicado, explicou que a ideia do empréstimo foi do Executivo de António Costa: “Ao aceitar fazer isto, o Santander Totta pretendeu apenas responder positivamente ao desafio que lhe foi feito de contribuir para diminuir o esforço de financiamento do Estado,já que o simples facto de passar a deter estes títulos implica que o banco consuma capital em suporte dessa mesma detenção”.
Ao garantir que nada sabe dos termos do acordo, o Banco de Portugal volta a marcar posição num distanciamento com o Governo que se tem acentuado nos últimos meses.
O CDS tinha questionado o Banco de Portugal no sentido de saber também se existirá algum “detalhe importante” relativo à venda do Banif que ainda não tenha sido divulgado, mas o gabinete de Carlos Costa garante que “a informação relevante” já foi disponibilizada, rementendo para o que tem publicado no seu site, para a audição do governador no Parlamneto e para a documentação que foi entretanto enviada para a Comissão de Inquérito ao Banif.