Quando tendências globais são transformadas em centenas de milhares de dados estatísticos, oriundos de 80 fontes informativas internacionais, distribuídos por 500 indicadores diferentes e enquadrados numa plataforma online gratuita, fiável e em constante crescimento e actualização, está criada a ferramenta de serviço público que permite olhar o mundo e cada sociedade de forma panorâmica. Contribuindo para esclarecer as consequências da globalização, as assimetrias daí geradas e os eventuais pontos de contacto entre os 193 países das Nações Unidas, desde 1960 aos dias de hoje, a GlobalStat, projecto do Instituto Universitário Europeu (IUE) e da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) não se cinge ao PIB e articula a dimensão económica com outros índices relevantes para criar sinergias de explicação e previsão da dinâmica internacional.
Todos conseguimos, de forma mais ou menos rigorosa, medir o pulso ao país onde vivemos, ter uma noção do seu peso económico e estratégico no contexto internacional, construir uma opinião sobre o rumo da nação e ter uma ideia das competências e características que a distinguem das demais. Mas será que os números confirmam a nossa percepção? Espreite os dados e surpreenda-se:
1 – Portugal, um país pequeno?
Portugal representa 0,15% da população mundial. A população da China, o país mais populoso do mundo, equivale a mais de 130 vezes a população de Portugal; por outro lado, a população de Portugal equivale a mais de 1060 vezes a população das ilhas de Tuvalu e Nauru, na Oceânia, que constituem os países com a menor população do mundo.
2 – Portugal, um país envelhecido?
Tal como descrito aqui, o número de idosos (65+) a residir em território nacional em 2001 ultrapassava a população infanto-juvenil até aos 15 anos. Em termos de posição mundial, o envelhecimento de Portugal confere-lhe o 8º lugar do ranking dos países com maior número de idosos por 100 indivíduos em idade activa (15 a 64 anos).
3 – O mundo, uma terra de idosos?
Dados de 2013 indicam que a esperança média de vida à nascença da população mundial ronda os 71 anos, quase mais 19 anos do que a registada em 1960. Em Portugal o valor é superior a 80 anos (fruto da redução significativa do número de nascimentos nos últimos anos e do aumento da longevidade nos países industrializados), situando-se apenas 3 anos abaixo do Japão, país que lidera a tabela deste indicador. Por oposição, em alguns países africanos como a República Democrática do Congo, o Lesoto, Suazilândia ou Serra Leoa, a esperança média de vida ainda não atingiu os 50 anos.
4 – A rede, estamos todos ligados?
O acesso às tecnologias de informação é, no mundo contemporâneo, um sinal importante e revelador do grau de desenvolvimento de um país. Em Portugal, cerca de 6 em cada 10 pessoas utilizam a Internet (62,1%), sendo que entre 2002 e 2014 a utilização genérica cresceu de 43% para 98% entre os jovens dos 16 aos 24 anos. É na Islândia e Noruega que se concentra a maior percentagem de população ligada à rede, com valores superiores a 95%. O contraponto encontra-se em países como a Guiné ou Timor-Leste onde a percentagem de utilizadores ainda não chega a 2%.
5 – Mais população, mais poluição?
Em 50 anos, entre 1960 e 2010, a população mundial duplicou, aumentando também para o dobro as emissões de carbono (C02) por habitante. O Acordo de Paris, aprovado em 2015, é exemplo da preocupação internacional em delinear um esforço colectivo para um problema que visa todas as nações: a necessidade imperativa de reduzir ou eliminar os gases provenientes do uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural), dióxido de carbono e metano (CH4), gases de efeito estufa responsáveis pelo fenómeno de aquecimento global. No entanto, na Ásia, o continente mais populoso e com maior volume total de emissões de gases poluentes, as de C02 por habitante são menos de metade das registadas no continente Americano ou Europeu, o que se justifica pela assimetria no acesso aos recursos, por um lado, e pela acelerada industrialização das economias emergentes, sem a devida e necessária implementação de normas de responsabilidade ambiental. Em Portugal as emissões de C02 por habitante estão abaixo da média europeia, mas são hoje cerca de 5 vezes superiores às assinaladas em 1960.
6 – Desastres naturais, uma realidade distante?
Em 2013 mais de 96 milhões de pessoas foram afectadas por desastres naturais, um valor correspondente a nove vezes a população de Portugal. A maioria dos afectados encontrava-se na Ásia (90%), tendência que se manteve em 2014, calculando-se que mais de metade dos 226 desastres naturais registados no mundo tenham ocorrido na zona da Ásia Pacífico, segundo dados da Comissão Económica e Social das Nações Unidas para esta região. Dos cerca de 1,7 milhões de europeus afectados por acontecimentos similares, em 2013, cerca de 4 mil pessoas eram residentes em Portugal.