O aumento faseado do salário mínimo até aos 600 euros, em quatro anos, foi uma das medidas que os comunistas rejeitaram (pretendiam-no de imediato, em 2016). Também a devolução dos cortes dos salários dos funcionários públicos, à cadência de 25% por cada trimestre, em 2016, não foi bem recebido pelo partido de Jerónimo de Sousa, que pretendia a devolução do corte de uma só vez, no início do ano.
O acordo com o Bloco de Esquerda prevê ainda a constituição de cinco grupos de trabalho “sobre áreas fundamentais”. Estas equipas, com a presença do “membro do governo que tutela a área respetiva” e representantes dos partidos signatários, tratará de cinco áreas: a precariedade laboral, as pensões não contributivas e prestações sociais de combate à pobreza, a sustentabilidade da dívida externa, os custos energéticos para as famílias e a política de habitação e de tributação do património imobiliário.
As linhas traçadas pelo Bloco de Esquerda – proteção dos rendimentos e do trabalho – e as colocadas pelo PS – respeito do défice de 3% – serviram de baliza às negociações entre os dois partidos. Foi por causa dos limites que o respeito pelo défice impõem a uma governação de esquerda que os bloquistas não aceitaram os reptos para integrarem o governo.
«Foi um trabalho leal», afirma Jorge Costa, 40 anos, dirigente do Bloco de Esquerda e deputado. “Enquanto o governo cumprir o compromisso de repor os salários, de proteger as pensões e a qualidade dos serviços públicos e ao mesmo tempo assegurar que não haverá mais carga fiscal sobre o trabalho, haverá uma maioria de esquerda no Parlamento», nota um dos artífices do acordo assinado com o PS.