Teresa Almeida, procuradora do ministério público, deu como provada uma relação contratual entre a Taguspark e o ex-jogador, à qual se refere como “um mero recurso que utilizaram para conceder a Luís Figo uma remuneração anual em troca do apoio a uma candidatura eleitoral”.
Segundo o Expresso apurou a procuradora recolheu indícios desta relação numa entrevista que Figo concedeu ao Diário Económico, em que tecia grandes elogios ao actual primeiro-ministro, e que foi enviada por Miguel Macedo, assessor do ex-jogador, a Rui Pedro Soares na véspera da sua publicação a 7 de Agosto de 2009. Um outro indício apurado pelo ministério público consiste num pequeno-almoço em que Luís Figo prestou apoio público à reeleição do primeiro-ministro.
Para que possa ser averiguado o eventual financiamento ilegal da campanha do PS nas legislativas de 2009, o despacho de acusação já foi enviado terça-feira, dia 13 de Abril, para a Entidade das Contas e Financiamentos Políticos. Teresa Almeida enviou ainda a acusação para o Conselho de Prevenção da Corrupção e ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal.
Quanto aos administradores da Taguspark Américo Thomati, João Carlos Silva e Rui Pedro Soares, o Ministério Público encontrou indícios suficientes os levar a julgamento sob a acusação de corrupção passiva para acto ilícito.
O inquérito crime resulta das escutas telefónicas a Domingos Paiva Nunes, administrador da EDP Imobiliário e arguido no processo Face Oculta, e a Paulo Penedo, para além da entrevista ao Diário Económico do ex-jogador. Nas conversas telefónicas que foram interceptadas, o Ministério Público depreendeu que o apoio do ex-jogador a um partido político (PS) para a campanha eleitoral das eleições legislativas de 2009, foi feito “mediante a outorga de um contrato com uma empresa portuguesa que, no caso, acabou por ser a Taguspark, S.A.”.